As catástrofes naturais e grandes calamidades deram um tom apocalíptico a esse início do ano de 2010 , em cenas de extermínios coletivos, a exemplo das mortes em virtude das chuvas que atingiram o Sul e Sudeste do país no início do mês e agora mais recentemente com o terremoto de 7 graus na escala Ritcher ocorrido no Haiti. Um motivo bem oportuno para os que pregam a ira dos céus como uma prerrogativa dos castigos que pairam sobre a humanidade anunciarem um possível final dos tempos.
Sensacionalismo ou não, o fato é que as cenas de destruição em massa da Capital do Haiti, Porto Príncipe, chegam a todos de maneira inexorável apregoando a fragilidade da vida e de tudo que possa ser construído pelo homem. Hospitais, casas, prédios importantes como a sede das Nações Unidas e do governo local, viraram ruínas em meio aos inúmeros mortos e feridos espalhados pelas ruas.
Estimam-se que o número de mortos possam atingir a cifra de 100.000 pessoas , alcançando a marca de 1% da população do país. Inclui-se nessa contabilidade, estrangeiros, militares das Forças de Paz da ONU , entre eles membros do exército brasileiro que chefiavam as ações militares no país caribenho.
ZILDA ARNS – Entre as vítimas, a brasileira conhecida mundialmente pelo seu trabalho na erradicação da mortalidade infantil, ganhadora de vários prêmios nacionais e internacionais. Zilda Arns , foi Co-Fundadora da Pastoral da Criança, grupo ligado a CNBB juntamente com o seu irmão, o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Paulo Evaristo Arns, que se tornou celebre pela luta contra a ditadura militar no país, tendo participando do livro “Brasil Nunca Mais” , lançando na década de 80. No auge de seus 75 anos, a médica pediatra assumia a direção internacional do órgão e estava em missão humanitária no Haiti, com o objetivo de implantar a metodologia da pastoral. Atualmente as Pastorais da Criança contam com a ajuda de 260 mil voluntários que assistem mais de 1 milhão de crianças até os seis anos de idades, em diversas comunidades pobres do Brasil.
Mortes como a de Zilda Arns e de outros estrangeiros em missão humanitária no país ilustram perfeitamente o quadro caótico já existente no país, considerando como um dos mais miseráveis do mundo, com cerca de 80% da população vivendo abaixo na linha da pobreza. Herança típica de uma ex-colônia francesa localizada na região do Caribe , que ainda se mantém predominantemente agrícola sob a égide de um passado político opressor.
A história política recente do Haiti é turbulenta, marcada pela ação de governos ditatoriais, sendo marcante o período de domínio da família Duvalier, François e Jean- Claude, o “Papa Doc” e o” Baby Doc”, entre 1957 a 1986. Atualmente o governo de René Préval, que sucedeu Jean-Bertrand Aristide, deposto em 2004 sob denúncias de corrupção é mantido por meio do ação das tropas enviadas ao país pela ONU e ajuda de organismos internacionais.
Esse mesmo país amaldiçoado pelas mãos da injustiça humana situa-se sobre um território instável geologicamente, localizado próximo de uma falha tectônica que marca o encontro das Placas da América do Norte e do Caribe, blocos rochosos que possuem um movimento constante, por nem sempre perceptível. O grande terremoto do último dia 12 foi de certa forma previsível conforme, discutido ,inclusive, em um congresso internacional ocorrido em 2008 na República Dominicana e ocorreu em condições semelhantes ao tremor registrado no século XIX ,em 1860 ,quando o país recém liberto do julgo francês já amargava índices altos de pobreza.
Nesse intervalo de tempo que se sucedeu entre as duas catástrofes naturais pouco foi feito para as melhorias das condições de vida no país, da mesma forma que não houve implantação de construções resistentes a terremotos, tal qual ocorre em outras partes do mundo com atividades sísmicas intensas como a Califórnia ou Japão. Isso explicaria de certa forma a devastação do país e sua falta de estrutura ou treinamento específico para o enfretamento de tragédias naturais.
E assim, em meio a todos diagnósticos fatalistas do arautos do apocalipse, as conseqüências do terremoto que acometeu o Haiti desenha-se como mais uma tragédia anunciada dentro da saga das desigualdades humanas. E mais uma vez o país caribenho mostra a face nefasta dos seus indicadores sociais e econômicos, frutos puros e exclusivamente da ação humana.
TEXTO: Andréia de Oliveira
FOTOS: GOOGLE
FONTES: Jornal A Tarde
Portal G1
Tragédias naturais são sempre tragédias naturais. Não há muito que se fazer para preveni-las. Entretanto nesse caso específico do Haiti, é possível observar um pouco da omissão humana. O país fica em uma area instavel, em cima de duas placas tectonicas. Não havia qualquer plano de sobrevivência a terromotos, nem edifícios resistentes. É um país pobre e miseravel , marcado por governos corruptos e autoritários, sem falar no passado de exploração pela França. E as Nações Unidas o que fizeram? Absolutamente nada. Apenas enviou tropas para manter a ordem a força. Infelizmente , esses nossos irmãos sempre foram tratados como animais e agora perecem sem o minimo de conforto ou tratamento digno ante a essa tragédia.
ResponderExcluirSou espiritualista , mas não consigo conceber tragédias como essas a iras ou castigos divinos. O homem é o próprio responsável pelos atos e no movimento reencarnatório as vezes podemos viver em condições inospitas . O caso do Haiti pode ser visto por esse àngulo contudo há muito da omissão humana. Pais pobre, miserável que não dispõe de infraestrutura básica. Muito desse sofrimento poderia ter sido evitado, sem houvesse socorro imediato ou assistência médica adequada. Não podemos fazer nada contra a força da natureza, mas podemos amenizar o sofrimento das vítimas dessas tragédias. Antonio
ResponderExcluirParece que só agora o mundo se voltou para esse país de desigualdades que é o Haiti.
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