terça-feira, 23 de março de 2010

POEMAS DISPERSOS

Por Andréia de Oliveira

Os versos simples e direto, carregados da linguagem metafórica obtidas das visões cotidianas , presentes nos primeiros versos da Antologia Poética “Poemas Dispersos”, da Coleção Literatura Clandestina, organizada por Elenilson Nascimento, sinalizam com perfeição a proposta de ruptura com os ditames do convencionalismo erudito, assim como é elucidado na apresentação da obra. E a poesia comumente associada aos grandes nomes imortalizados nos livros didáticos de literatura ganha ares e formas da vida real nas temáticas cuja abordagem alcança as dores, conflitos e problemáticas dos dias presentes.

Impossível o leitor não se identificar com o amor vício, aquele que surge nas necessidades da vida, capaz de silenciar as angústias e proporcionar conforto, tal qual é gritado em “Palavras do Amor” de autoria de Adams Almeida Lopes . E esse tema recorrente e frequente na história da poesia, ganha contornos de um erotismo sutil e lírico que por vez pode ultrapassar os limites do corpóreo aliando-se a uma dimensão espiritual do amor a partir dos versos de Luciane Goldstein , em “La Femme”.

Dos cantos de amor às temáticas existenciais exaltadas nos questionamentos acerca das veracidades da personalidade humana em meio ao dissimulado jogo das aparências humanas. Tal constatação surge no Poema “Fingindo” de Elenilson Nascimento, onde o “homem, vinho azedo numa mesa eucarística” apodrece sua essência e seu verdadeiro espectro de vida.

E quem sabe por isso mesmo transforma-se no poeta maldito com toda “ A Consciência do Escarro”, onde Elenilson Nascimento exibe um rosto sem forma, um homem sem nome , perdido em abstrações e alucinações mórbidas. Assim emerge-se um retrato perfeito do universo do poeta Augusto dos Anjos, em meio a construções narrativas que aludem a necrofilia, vida e morte surgem como produto de reações químicas e orgânicas, sinalizando reflexões quanto a própria essência humana.

As angústias, indagações como tônica das incertezas dos tempos presentes são abordados ainda por outros poetas como Tássio Teles, em “Encontro Marcado”, onde contraditoriamente o fim sinaliza o eixo convergente das potentes manifestações de vida. Já no poema “Saga do nordestino”, de Varley Farias Rodrigues, o épico mistura-se às experiências de vida, dando o tom dos lamentos e sofrimentos.

Em meio a essas e outras sublimações da realidade corrente, a poesia sobrevive e flui livremente exaltando-se a dor como um canal de expressão do poeta em meio à interposição de figuras metafóricas. Luciano Dias Rosa seguindo a linha dos micros poemas, utiliza em “ Meu poço a concisão e precisão das palavras para retrata a dor como um ponto de transmutação do ser.

Entre a diversidade de estilos e temas, os versos dos poetas dispersos, por vezes, assumem a forma da prosa, em excelentes abordagens líricas onde sentimentos e a emoções revelam-se a cada linha. Na prosa poética “Talvez Dois”, Pedro Gutierres apresenta a ideia do amor que ao mesmo tempo em que oprime , pode tornar-se tão essencial à vida quanto à própria respiração.

E dessa maneira, quase que como um bafo sufocante desenha-se a verve poética dos demais poemas desse livro, um apanhado de fúria e beleza que sobrevive mesmo no território das necessidades plásticas da atualidade. Quase um século após o movimento modernista balançar as estruturas da literatura brasileira, inaugurando uma nova forma de se fazer arte, eis a POESIA emerge de maneira independente e inteligente nesse livro.


terça-feira, 16 de março de 2010

A BAÍA DE TODOS OS LIXOS

Certamente a pesquisa do programa global, Fantástico , que colocou as praias da cidade de Salvador como as mais poluídas do Brasil realizada em janeiro ultimo, teria um dado a mais para ser contabilizando se fosse realizada no trecho do Farol da Barra, após o carnaval. No fundo do mar das praias localizadas no circuito mais movimentando da folia, o Barra- Ondina , foram encontradas cerca de mil quinhentos latas metálicas e garrafas plásticas , concentradas em um canal dez dias após o término do carnaval.


A descoberta foi feita por um grupo de surfistas que denunciaram o fato aos meios de comunicação na esperança de obterem soluções ou posicionamentos dos órgãos públicos durante três dias até que por conta própria decidiram recolher o lixo do mar. O resultado foi esse amontoado de lixo retirado do mar que pode ser visto por todos que passaram pelas calçadas como fruto do desrespeito ambiental e inoperância dos setores governamentais.



Fotos: Francisco Pedro / Projeto Lixo Marinho - Global Garbage Brasil /
Fonte: Global Garbage

domingo, 7 de março de 2010

SE DEUS EXISTE, ELE É MAL?

" Difícil imaginar um conceito absoluto por essência. O que seria o feio mesmo senão uma própria antítese do belo? Busquemos, então, o Deus absoluto longe dos homens"
*Por Andréia de Oliveira



Um dos argumentos comumente utilizado pelos ateus na sua descrença em Deus reside na existência do mal como contraponto ao bem em um mundo que por sua origem divina deveria somente abrigar a perfeição e a virtuosidade. Se Deus existe, sendo por excelência essência sublime como o mal poderia manifestar-se de forma tão contundente no mundo?
A religião dogmática, notadamente o cristianismo atribui a ocorrência do mal a uma espécie de força antagônica à Deus, representada em muitas tradições como a figura do satanás ou diabo. De imediato tal argumento esbarra na simples suposição de que a preexistência de alguma força contrária e de igual magnitude a Deus Supremo Criador do Universo, seria uma própria negação da onisciência, onipotência e onipresença do poder divino tal quão se define na teologia: aquela que tudo sabe, sendo capaz de realizar tudo e está em todos os lugares.
Contudo, o atributo do mal está presente em vários textos bíblicos, a exemplo da narrativa sobre o assassinato de Abel pelo seu irmão Caim que prontamente remete a situações da vileza, crueldade e barbaridade do caráter humano. Mas o homem não seria, como preceitua as sagradas escrituras, feita a imagem e semelhança de Deus?
Em parte sim, contudo a prerrogativa do livre arbítrio, capacidade de escolha consciente entre as diversas situações da vida, por si própria já determina a opção entre dois caminhos e conflitantes, via através do qual o mal poderia manifestar-se. Então o homem, fruto da essência divina, perfeita por essência, também estaria apto a reproduzir o mal em suas ações e pensamentos?
A conturbada experiência da civilização humana em seus declínios e apogeus, santidade e insanidade, genialidade e imbecilidade demonstram que sim. Logo ao retratar-se aos arsenais de atrocidades produzidas pelo homem em oposição a sua natureza divina , expressar-se a dualidade de toda criação terrena.
A dualidade como faces distintas de um mesmo objeto explica as nuances do comportamento humano na terra e em outras palavras a dimensão do que se poderia definir como o mal. Tais ideias são brilhantemente expostas nesse vídeo , onde o jovem garoto identificado como Albert Einstein defende a existência de Deus , a despeito do mal, tendo por base a dualidade das coisas.

Como sentir frio sem nunca experimentar a sensação do calor? Como saberíamos o que é escuridão se nunca tivéssemos vislumbrado a luz? Relativismo é necessário para a definição de todas as coisas existentes, e a lei da dualidade manifesta-se pela constante interposição dos opostos, sinalizando o nascimento e a morte nesse mundo dual por essência.
Difícil imaginar um conceito absoluto por essência. O que seria o feio mesmo senão uma própria antítese do belo? È justamente nesse mundo material onde a dualidade ganha contornos inconfundíveis a própria noção de REALIDADE é falha e deturpada de modo que se vive de sobremaneira as “mayas”, ou ilusões como bem definiu os orientais.
Se Deus existe de fato como colocar as interfaces do bem e do mal? Apenas dois lados da mesma moeda? Divagações filosóficas a parte, mas o fato é que homem marca sua jornada pela terra pela incessante interposição dos opostos, em seus atos pontilhados pela escolhas entre o bem e o mal.
BUSQUEMOS, ENTÃO, O DEUS ABSOLUTO LONGE DOS HOMENS.

sábado, 6 de março de 2010

O MUNDO DE SOFIA

Quem és tu?", "De onde vem o mundo?", "Haverá uma vontade e um sentido por detrás daquilo que acontece?", estas são algumas das perguntas colocadas a Sofia durante aquilo que irá ser um verdadeiro "curso de filosofia".
Por Elenilson Nascimento

Lembro desse livro n
a estante da faculdade e eu doído pra pegar, mas sempre tinha um monte de seminários inúteis pra fazer. Conclusão: terminei o curso e não consegui ler. Tempos depois, ganhei de presente de um amigo querido que ainda me disse que o livro era tudo que eu tinha de ler. “O Mundo de Sofia”, editado pela primeira vez em 1991, é um desses livros que te pega de jeito e te joga no chão, além de continuar a encantar todos os tipos de leitores, até aqueles que não gostam de leituras.
Acho que o objetivo principal do autor não era, segundo o ponto de vista desse humilde fã, relatar ao leitor a evolução da Filosofia ao
longo do tempo, mas sim fazer com que este não ficasse tão indiferente àquilo que o rodeia. Mesmo depois de todo o êxito inicial e de se ter tornado quase de imediato um best-seller, o livro continua a ser lido, relido, exaltado e resenhado hoje em dia, por milhares de pessoas, em particular por leitores jovens. E isso é conseguido através das respostas dos grandes filósofos às questões que sempre afligiram o mundo.
No livro, às vésperas de seu aniversário de quinze anos, a garota Sofia começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Bilhetes anônimos que perguntam a menina quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para uma tal de Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece.
"A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos (...). E agora tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá?... Não quero que tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas a tua vida de forma consciente."

Mas o mistério desses bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance. No livro, de capítulo em capítulo, de “lição” em “lição”, o leitor é convidado a caminhar por toda a história da filosofia ocidental – dos pré-socráticos aos pós-modernos -, ao mesmo tempo em que se vê envolvido por um intrigante thriller que toma um rumo muito surpreendente. Maravilhoso!
O autor Jostein Gaarder, professor de filosofia do ensino secundário, cons
eguiu de uma forma original desenvolver uma aventura cheia de reflexões e perguntas através da história da filosofia desde o princípio dos tempos, coisa que muito professores não são capazes (ou não se interessam) de fazer.
Em 560 páginas, que deveria ser leitura obrigatória para todos, o autor é leve, interessante e prende o leitor. No entanto é preciso frisar que o assunto é FILOSOFIA, então se você não é lá muito dado a assimilar esse tipo de conhecimento, então certamente o livro lhe parecerá chato. Por outro lado, se você é curioso e gosta de aprender sobre a origem das coisas – nesse caso, a origem do pensamento ocidental – então essa é uma ótima opção para se iniciar no mundo da filosofia. O final é surpreende, envolvente e questionador, ficando com aquele gostinho de quero mais. Algo que é raro quando se tenta romancear algo que é por natureza analítico e desprovido de emoções. (“O MUNDO DE SOFIA - Romance da História da Filosofia” de Jostein Gaarder, romance, 560 págs, Companhia das Letras – 1991)
+ Aproveite
e baixe também o filme “O Mundo de Sofia” (1999) baseado no livro, onde a partir de mensagens, Sofia se torna aluna do misterioso Alberto, que a acompanha em uma fascinante jornada pela história da Filosofia, de Sócrates até os dias de hoje, passando pela Idade Média, o Iluminismo, a Revolução Francesa e a Revolução Russa. Filme baseado no best-seller de Jostein Gaarder, que vendeu mais de 20 milhões de livros ao redor do mundo e foi traduzido para mais de 40 idiomas. DVD duplo. Dados do arquivo: áudio: norueguês, legendas: português, duração: 185 min., qualidade: DVDRip, tamanho: 233 MB/244 MB e servidor: Rapidshare (6 partes).

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FONTE: COMENDO LIVROS