quarta-feira, 28 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

MENÇÃO HONROSA NA ACADEMIA DE LETRAS DO RECÔNCAVO

A poetisa Andréia de Oliveira receberá um prêmio de menção honrosa da Academia de Letras do Recôncavo pelo seu poema Dualidade.
O poema “Dualidade” de autoria de Andréia Melo de Oliveira , receberá um prêmio de menção honrosa pela participação no IV Concurso de Poesia da ALER/2009, em homenagem ao poeta nazareno José Bonfim. A instituição que possui sede em Santo Antonio de Jesus – BA, englobando outros 14 municípios da região do Recôncavo Baiano, promove um importante e louvável trabalho de incentivo aos novos escritores, facilitando a publicação de seus livros.
O título em questão, o poema “Dualidade” que juntamente com outras obras dos 10 autores selecionados pela comissão de avaliação do concurso será publicada em livro editada pela ALER, aborda as contradições inerentes à vida, das partes separadas do todo e da ânsia inexorável ao retorno sublimado em diversas nuances e situações:
“ .....Acredito que toda obra prima guarda um quê de imperfeições ,
Como o Adão de Michelangelo retratado após o seu gozo lúdico da separação.
Criador e criatura recriam o amor e o amante,
O instante do êxtase inicial sublimado pelos acenos constantes e distantes;
A reproduzir as juras dos enamorados de outrora......"
(in Dualidade, Andréia de Oliveira)




A CARTASE DAS PALAVRAS

Poetisa participante da Antologia Poética " Poemas de Mil Compassos" , Cristiane D'Eça Moreira retrata a busca pela identidade humana em meio aos códigos da linguagem moderna

A visão sensível e criativa do universo feminino em seu modo poético de investigar o mundo, sobressai-se de forma surpreendente e livre na sua tentativa precisa de humanizar os sinais e formas do pensamento racional, marca dos tempos presentes. Cristiane D’ Eça Moreira projeta-se em alma e essência sobre a realidade apática da era cibernética, traduzindo-se por inteiro em meio às palavras importadas de língua estrangeira, que ganham em sua obra um significado especial.
O poema “informaticonto”, de sua autoria , publicado na Antologia Poética “ Poemas de Mil Compassos” da Coleção Literatura Clandestina é um perfeito sinalizador da angústia pós-moderna. Um anseio de liberdade em sua busca pelo regaste da complexidade interna do homem em meio a exatidão dos códigos vazios presente na linguagem dos computadores: “ só sei que salvei-me em arquivos vazios” ( in Informaticonto, "Poemas de Mil Compassos) .
A poetisa Cristiane d´Eça Moreira, é professora , bacharel em letras com título de especialização pela Universidade Federal da Bahia na área de Língua Estrangeira, a máster pela Universidade de Salamanca na Espanha, trabalhando com seus alunos em sala de aula a produção de textos, sobretudo literários. Escreve versos, refletindo situações recriando emoções através da utilização original das palavras.
Poetizando
Cristiane D'Eça Moreira
Fico parado , as vezes calado
Buscando um arasmo...
Dos versos sem termos
Para os pensamentos no êrmo
É o poeta cantarolando,
No infinito pensamentando
E descobrindo o seu mundo mudo
E gerundiando tudo
E colocando o verbo no gerúndio
Realizando mais que o infinitivo
Só caminhando nesse prelúdio.
Revitalizo. Cantando, brincando
e sorrindo e amando,
e deixando uma catarse vindo.





terça-feira, 20 de outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

OS VOOS DOS “MIL COMPASSOS”

 A internet esse indispensável veículo de comunicação dos tempos pós-mordenos torna-se um disseminador por excelência da poesia nossa de cada dia    

A resenha literária “ As vozes dos “Mil Compassos”, de autoria de Andréia de Oliveira, recentemente publicada aqui no blog Voos Alma, cujo tema remete a uma das obras da Antologia Poética “ Poemas de Mil Compassos”, o brilhante poema Baladas & Suspiros no Cárcere de Insights foi matéria em três importantes portais da Web que promovem a difusão da cultura e informação no país. 
Na foto abaixo a página do portal “Overmundo” , um “website” brasileiro criado com o objetivo de proporcionar a divulgação das produções culturais nacionais , sobretudo as que não estejam sobre o patrocínio da grande mídia.

Também no blog “ Poemas de Mil Compassos” do escritor Elenilson Nascimento que reúne importantes contribuições de poetas, escritores, artistas e pessoas ligadas a cultura o texto recebeu destaque importante, sendo objeto de publicação. 

Por fim , a honrosa participação da resenha "Vozes dos Mil Compassos" no Jornal "O Rebate" do Rio de Janeiro , editado pelo simpático e honroso jornalista e escritor Jose Milbs, uma figura lendária, ex-petista , fundador do Partido dos Trabalhadores, um batalhador das questões sociais, políticas e ambientais do país. 

       

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

AS VOZES DOS " MIL COMPASSOS"


Baladas e Suspiros no Cárcere de Insights : a relevante necessidade das palavras do escritor baiano Elenilson Nascimento 
Por Andréia de Oliveira


Uma das vozes mais retumbantes do livro “Poemas de Mil Compassos”, o escritor, poeta e jornalista, Elenilson Nascimento, realiza, em Baladas & Suspiros no Cárcere de Insights, um testemunho vivo do conturbado espírito desse início de século. Em um estilo que mescla desde o realismo niilista ao subjetivismo moderno , o poeta baiano expõe com precisão e beleza todas as mazelas que afligem o homem contemporâneo em sua difícil relação com o mundo.
Em seu vasto universo poético, o autor aborda assuntos atuais, passeando livremente pela temática amorosa, social , política , religiosa e ideológica . Toda essa variedade de temas e situações encabeçadas pela angústia existencialista de sua época.
Qual real e presente é a ausência do amor, mesmo em meio a intimidade dos corpos: “ Debaixo do lençol – onde a língua alcança , não tem nada....,nada....., nada...”. ? (in Baladas & Suspiros no Cárcere de Insigths” ) Proximidade , esta que pode separar , segregar, isolar na solidão das mãos que não mais encontram a si mesmo.
A busca metafórica por si mesmo escancarada na realidade materializada dos apelos alucinógenos do Cristo cristalizado: “ Não esse Cristo de Jenipapo, jabuti, pato, paca, capim....., mas aquele outro lá no fundo, meio louco, meio rude, meio anarquista, meio alarmista, meio torto, meio amoral, meio porra-louca do patamar da minha subsistência....e do altar dos meus deslizes e pecados.” (In Baladas & Suspiros no Cárcere de Insights ). Nada mais do que a angústia ideológicas de um tempo, que se mascara na busca desenfreada pela fé de aluguel das religiões lideradas pelos pseudos profetas.
Entre existir e sentir nessa era nossa das incertezas, a frágil condição humana sublimada pela urgência da sociedade da informação: “ Mas a informação passou a ser mercenária que até mesmo antes de sua digestão, ela é mais importante do que sua intervenção”. (In Baladas & Suspiros no Cárcere de Insights). A indiferença ante o sofrimento estampada nos telejornais diários, nada mais reflete do que a própria tônica da crise moral de uma sociedade que elegeu a superficialidade como valor máximo.
Tamanha leviandade nos fatos e informações encontra par no conflito extremo travado entre o poeta e a busca da inspiração perdida no vazio da existência humana em meio as catástrofes , mandos , desmandos , dúvidas e abandonos : “ as verdadeiras idéias dos insights não são as mesmas que percorrem o poeta antes de escrever o poema , mas as que depois, com ou sem sua vontade, com ou sem vírgulas, se depreenderam naturalmente da sua obra “. E assim percebe-se a contraditória necessidade das palavras, a necessidade de captura do real no irreal, da expressão gritante no vazio.
Por essas razões, o poema “Baladas & Suspiros no Cárcere de Insigths” é a justificativa da existência do poeta perante o mundo. A insistente e irrevogável tentativa de organização de idéias caóticas, presente nas insanas e utópicas mentes, para que por fim sejam traduzidas em expressivas palavras que poucos conseguem dizer.




terça-feira, 13 de outubro de 2009

A VOLTA DO CRISTO EM MEIO AOS MERCADORES DA FÉ


" Um Sócrates, pós- atual, em sua incansável busca pela verdade, era disso que precisávamos! Assim como Jesus Cristo, o filósofo grego desafiou os dogmas e padrões comportamentais de sua época, pagando com a vida o preço por desvelar a essência oculta da nossa pequenez cotidiana."
Por Andréia de Oliveira

Em meus devaneios e alucinações filosóficas, gosto de imaginar como seria a vinda de um Cristo, nessa era da fé vendida em anúncios luminosos das bancas de revistas da esquina. E ele surge assim em meios as visões enigmáticas do personagem Neil do filme Matrix, um herói cibernético a perturbar toda a falsa estrutura das cores e formas dos programas que comandam nossa realidade.
Da mesma maneira que o destemido Neil, esse Cristo dificilmente seria encontrado no staff das organizações estatais ou nas fileiras das seitas convencionais, tamanha a sua incompatibilidade com as linhas mestras desse mundo. Gosto de imaginá-lo, quem sabe, como um filósofo maldito, desses que surgem de tempos em tempos, lançando fechas de luz sobre os sórdidos caminhos de trevas da humanidade.
Um Sócrates, pós- atual, em sua incansável busca pela verdade, era disso que precisávamos! Assim como Jesus Cristo, o filósofo grego desafiou os dogmas e padrões comportamentais de sua época, pagando com a vida o preço por desvelar a essência oculta da nossa pequenez cotidiana.
Há muitas e muitas semelhanças na história dessas duas personalidades - Jesus e Sócrates – que se perdem nas imagens das santidades divinas, construídas pelos adoradores dos deuses de aço. Assim, antes de confiar na idéia do “filho de Deus”, prefiro desviar minha atenção para a saga dos “filhos dos homens “ , estes seres que surgem assim tão próximos a nós com o intuito de libertar-nos da lenda pecado mortal que se esconde na nossa própria consciência.

Não que não acredite na lenda dos anjos caídos exilados do paraíso do Éden e outros símbolos referentes à perda da perfeição humana. Como ele bem disse não pertencer a esse mundo , também nós não, embora aqui permanecemos acorrentados em nossas limitações milênios e milênios a fio, repetindo as fórmulas mágicas importadas dos xamãs e sacerdotes do medo.
Recuso-me a crê na imagem arquitetada do “filho de Deus”, em seus incessantes apelos materialistas, tão viva é a lembrança da antológica cena bíblica da expulsão dos mercadores do templo. Contradições estas, que se afloram na era do comércio da fé, entre tantos outros falsos profetas que aqui estão em seu nome.
Por isso mesmo interrompo por instantes esse utópico sonho da redenção da humanidade, através da chegada de um nobre guerreiro viajante do tempo. Constato simplesmente que se esse Cristo aqui estivesse jamais seria reconhecido pela maioria daqueles que se dizem seus seguidores.





sábado, 10 de outubro de 2009

OS ECOS PROFÉTICOS DE “MIL COMPASSOS”.



“ Ainda acho que haja a necessidade de ter uma letra com força – quando ela vier doce feito poesia, leve como água fria, seca de palavras ocas e nua como alma acaricia nessa balada de informação e de contravenção que vem rápida e vai mais retumbante.......” (Elenilson Nascimento, Baladas Suspiros no Cárcere de insights)                              * Por Andréia de Oliveira  


Há quem diga que a poesia nasça dos arrogos dos  apaixonados de primeira viagem ou dos suspiros platônicos dos desiludidos de outrotora. Eu diria que é tudo e muito mais que isso. Dos acordes dissonante da melodiosa harmonia presente nas sete notas musicais da escala dos “Poemas de Mil Compassos”, ela manda seu recado.
Assim como a filosofia busca a essência da exatidão das formas matemáticas, a poesia resgata a idéia dos caos inerte, desvelando aquilo que as palavras não dizem. E elas brotam assim, mesmo em meio a emergência da trivialidade moderna, no gozo alucinado do poeta, imprimindo a ordem maior do desejo manifesto.
É imperiosa e relevante a necessidade da vivência poética , em tempos da era da linguagem cibernética, que ,vez por outra, insiste em decretar o fim da literatura. E a poesia, esse exercício sublime de transcendência das limitações humana mais do que devaneios de lunáticos enamorados , traduz um estado supremo de libertação das alcovas da mente.
Sim, porque a capacidade de enxergar além da realidade estampada nos noticiários diários e nos reflexos dos espelhos dos lares é o único caminho para a descoberta das nossas próprias chagas. A verdadeira maiêutica no parto preciso da idéia, da análise, da reflexão, da crítica e quiçá da libertação.

Acredito, por mais utópico que possa parecer que todo poeta carrega em si , o gérmen disseminador do questionamento, da mudança, da revolução, mesmo que em estado alterado de inconsciência. O que dizer então dessa nossa Antologia Poética , lançada no olho do furação da nossa agora quase estrutural crise política , econômica, moral e educacional, assistindo infame ao fim do projeto do próprio homem?  Não há respostas apenas o nosso franco gemido poético que se dispersa entre os nossos caros leitores.








FOTOS:
 1 - LIVRO POEMAS DE MIL COMPASSOS
 2- NOTA EM JORNAL DE MINAS GERAIS
 3 - PORTAL LITERÁRIO SKOOB 
4- LAZARO RAMOS , PAULO JOSE COM O POEMAS DE MIL COMPASSOS NA BIENAL INTERNANCIONAL DO LIVRO / 2009 
5 - A CANTORA FERNANDA TAKAI 
6 - O CANTOR, ATOR E POETA FERNANDO DIAMANTINO 
7- O LEITOR FLÁVIO BORGES, MEMBRO DA ORDEM ROSACRUZ 
8- O ARTISTA PLÁSTICO E ESCRITOR MARCUS BABY    
         



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A ARTE DA ALQUIMIA DAS LETRAS

 " As palavras simplesmente perdem para serem arrancadas do estado inerte do caos absoluto. O ego mortal, este pede que seja sublimado! Afinal de contas, idéias não têm dono, repousam livres no fluxo do inconsciente coletivo, como bem definiu Jung."

* Por Andréia de Oliveira  


Poetisa, eu? Esse título soa um pouco estranho e pesado aos meus ouvidos. Não que desmereça a importância dos grandes e históricos poetas brasileiros. Mas no meu arcabouço teórico de brasileira média, nascida e criada longe demais das capitais, ainda resta um muro, quem sabe imaginário, entre a poesia e o mundo real.
Nas minhas remotas lembranças, poetas eram seres mágicos, espécies de deuses, cravados nos livros de escola. Figuras geniais como Gregório de Mattos, o boca maldita, satírico, irônico e sagaz; Castro Alves, em seus cantos apoteóticos pela liberdade; Cruz e Sousa, em suas rebuscadas construções metafísicas; Oswald de Andrade , a libertação criativa dos versos; Carlos Drumond de Andrade, o subjetivismo resgatado do cotidiano. Sem esquecer é claro, Fernando Pessoa, exceção seja feita à nossa lista tupiniquim, gênio maior, desvelado dos múltiplos aspectos da existência humana.
Grandiosas obras que se perdem na figura dos imortais da galeria dos senhores com vestes de gala , a proferir por entre dentes, ecos dos discursos vazios dos termos pré-formulados. Retóricas dos intelectuais que, hoje, se encerram em seus castelos de letras e contos de grandeza, imensos em seus importados bordões politicamente corretos.
E confesso com toda fraqueza que tenho uma grande resistência aos intelectuais em seus enfadonhos conceitos de julgamento acadêmicos da poesia e literatura em geral. Como podem estabelecer critérios matemáticos para a liberdade expressiva? Meus textos são apenas reflexos das sensações veladas , captadas por uma alma intensa de emoções , contradições e imperfeições. Não escrevo por vício, sacerdócio ou pretensões de toda sorte. Nem pelo prazer intrínseco às produções artísticas. Às vezes dói e dói muito. È um verdadeiro parto de fórceps com direito a gritos, gemidos, sentimentos desconexos remanescentes dos confins da alma. s palavras simplesmente perdem para serem arrancadas do estado inerte do caos absoluto. O ego mortal, este pede que seja sublimado! Afinal de contas, idéias não têm dono, repousam livres no fluxo do inconsciente coletivo, como bem definiu Jung. Por isso mesmo que nem sempre estou ali ,em meio as letras que escrevo. As metades já estão lado a lado. Seria arte? Não saberia dizer........................................

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A SAGA DA INDIFERENÇA HUMANA


“ E tu que já derrubaste muros, ergueste edifícios, desvendaste o segredo da vida, Aventurando-se nos limites do espaço infinito, permaneces imóvel no ponto áureo da direção do oeste! De pé ante a estátua dos cavaleiros de bronze;Buscas o reluzido brilho perdido enquanto contemplas os raios de outrora! Simplesmente ali ressecaste tuas vistas; E apenas permites que a chuva escorra, Suavemente, por dentre as cicatrizes do teu rosto de choro. “ (Andréia de Oliveira)
*Trecho do poema "A rosa dos ventos dos lamentos racionais " publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos n º 57 da Câmara Brasileira de Jovens Escritores  

O homem brinca de Deus com todo entusiasmo nessa nossa era dos assombrosos avanços tecnológicos e dos sangrentos martírios humanos. Na sua débil tentativa da recriação da vida oprime a sublime essência da alma humana. E o choro, esse cataclisma fantástico dos sentimentos humanos é quase uma patologia em seus racionais paradigmas de estudo. Incapacidade de sentir seria, esta a tônica de nossos dias.

Confiram o restante do poema na antologia "on line" da Câmara Brasileira de Jovens   Escritores:

http://www.camarabrasileira.com/apol57-036.htm

domingo, 4 de outubro de 2009

Entrevista com o ator, cantor e poeta Fernando Diamantino

“Aos 15 anos achava que era Fernando Pessoa, aos 21 achava que era Álvares de Azevedo e hoje acho que sou eu mesmo.” (F.D.)
A escritora baiana, economista de formação, pós-graduada em Metodologia do Ensino e Docência Superior, e que também já desempenhou diversas funções nas áreas financeira e empresarial, Andréia de Oliveira, entrevista o excelente poeta e ator goiano Fernando Diamantino.
Em 2006, Diamantino fez a sua primeira novela na Rede Globo, “Cobras e Lagartos”, mas hoje investe no seu projeto “Cantando Poesias”, que vem realizado (*com muito sucesso) nos palcos do RJ. “Não me vejo sem poesia, posso deixar de comer e beber, mas sem poesia não vivo”. Em suas apresentações adotou o visual de “pés descalços” em homenagem ao seu pai que não admitia sapatos sujos. Diamantino e Andréia também fazem parte do livro “Poemas de Mil Compassos”, da Coleção LC/2009.
Andréia de Oliveira – É um prazer falar com você Fernando, ator, cantor e, além de tudo, poeta. Gostaria de começar inicialmente falando sobre o panorama da cultura contemporânea de uma maneira geral. Creio que nunca houve tantas possibilidades de divulgação das artes dado ferramentas de informação, como a Internet e outras mídias interativas. Por outro lado, observa-se um crescimento alarmante da exposição de manifestações culturais de qualidade duvidosa por essas mesmas mídias. Seria apenas uma reprodução do gosto popular, ou você acredita que há um movimento articulado, ou não, que impeça a difusão dos trabalhos de qualidade perante o grande público?
Fernando Diamantino – Prazer estar aqui com vocês. Acredito que o panorama geral da cultura hoje está nas mãos de quem ganha rios de dinheiro de empresas, empresários, gov
erno, para não fazer muitas vezes nada de valor, nada modificador. Não gosto de contemporaneidade porque não gosto que intitulem qualquer coisa como Cultura. Cultura é de um povo e não de um segmento. Até hoje o povo diz: gosto de poesia, mas não vão aos espetáculos e shows onde ela é o tema central. Sempre tive aversão à hipocrisia e a falsidade de artistas que se dizem cultos e que detêm o poder de patrocínio, apoios e ganham para divulgar a “Cultura Contemporânea”. Cultura é Cultura. A época não deveria determinar nada. Assim valores se perderam, assim se privilegiam as celebridades momentâneas, assim o espaço cada vez mais sumiu dos verdadeiros artistas, como Téspis, que só precisava de um banco para se expressar lá no início de tudo. Acho as mídias, muitas vezes, mentirosas e superficiais. Louvo a iniciativa de pessoas que prezam inteligência e fazem das ideias uma forma de resistência. As mídias são burras porque os sistemas são burros, unilaterais. Não há movimentos, há estagnação. Corremos contra esse tudo que vai dar em nada. Digo corremos contra uma Internet que dita tudo, mas a essência não muda. Ficamos com um joguinho nas mãos, bala para criança. O povo, não é burro, nunca foi... O segmento é burro, segmentar é a maior burrice.
Andréia de Oliveira – E com relação ao cenário cultural nacional? Algum sinal favorável vindo da Lei Rouanet, ou essa lei apenas favorece a poucos? Quais as dificuldades que um jovem ator, como você, enfrenta para tornar seu trabalho conhecido?
Fernando Diamantino – Lei no Brasil? Funciona? Funciona para quem mata galinha (risos). Não tenho opinião sobre leis. Sou da democracia como sou humano, mas não há leis que sobrevivam quando o poder é de poucos. Vivemos na era da hipocrisia e as leis favorecem quem? Àqueles que fazem o sistema emburrecer, emburrecido. As dificuldades são imensas, tudo de negativo, mas a vontade de fazer é tão maior do que as leis, tão maior do que a dificuldade que cada vez mais faço. Já fui interrompido em cena durante monólogo de Orfeu. A Poesia, a Palavra são tão mais importantes para mim do que qualquer coisa que venha atingi-las. E quase sempre fico satisfeito quando se emocionam, quando as pessoas relembram os declamadores antigos, quando as senhoras dizem: “Gostaria que meu neto fosse assim”. E isso não é por estereótipos é porque elas veem valor na Palavra. Quando cheguei ao Rio de Janeiro me falavam: “Você fala certinho” – deboche. Dificuldades homéricas no mundo, onde o pseudo funk assola a juventude brasileira. Um caos! Meu reino por um cavalo – Dias Gomes – atualíssimo, Graças a Deus!
Andréia de Oliveira – Você é goiano , radicado no Rio de Janeiro, certo? Como foi a sua ida para o Rio de Janeiro? É impossível para um ator sobreviver longe das metrópoles culturais, como o Rio e São Paulo? Você iniciou sua carreira ainda no seu estado natal? Fale um pouco sobre a vida cultural de Goiânia. Acho importante esse relato sobr
e as manifestações culturais de outros lugares, pois para o grande público, é difícil existir vida artística fora do eixo Rio-São Paulo.
Fernando Diamantino – Essa história de eixo é roubada. Não mesmo, a felicidade seja ela profissional ou pessoal não depend
e de metrópoles. Eu fui educado em Santa Helena de Goiás, onde nasci e cresci. A escola sempre foi a minha segunda casa. Sempre me envolvi em questões culturais, artesanais e folclóricas. Nosso povo é criativo, inteligente, donos de uma cultura popular invejável, Cora Coralina me chegou à infância pelos cadernos do governo. Tínhamos poesia estampada nos cadernos. Era ensinado na escola e na minha casa a leitura e a Poesia tinha vez. O ambiente familiar é tudo para uma boa educação, valores e formação de personalidade e eu usufrui disso. Minha mãe sempre declamou Poesias nas Sessões de Cinema, ela abria a noite com Poesias e isso é de um valor imenso. Fiz teatro nas garagens quando criança. Mudei-me para Brasília, onde fiz teatro, onde pensei: “Achei um OFICÍO”. Participei de projetos escolares, viajei aos arredores de Brasília, participei de um grupo ALucinathus – que me ensinou o ofício de ser ator – e mais tarde Rio de Janeiro – aqui cheguei com malas sem dinheiro, mas a minha sorte foi ter nas malas bastante, muita, poesia. Dela sobrevivi, comi, chorei e sorri. E um belo dia no morro da Urca no show de Leila Maria, comecei – pedi a cantora para declamar, ela aceitou e fiquei durante toda a temporada dela me apresentando com POESIA. A novela “Cobras e Lagartos” me propiciou investir no meu show “Cantando Poesia”. Fazer a novela foi uma porta de entrada para fazer este show que vem ganhando espaço cada vez mais e neste show começo a investir no canto necessário para mesclar o show. Mas, para o projeto o entendimento é a Palavra a letra da canção é Palavra e assim sigo e assim faço, por ela, e graças a Deus, as ruas e avenidas desta grande cidade que no início me levaram ao desespero, hoje me levam a encontros lindos onde a Poesia mora, onde a Poesia reina. Brasília cresceu muito neste campo da Cultura. Humberto Pedrancini é um dos maiores cabeças da direção por lá. Hugo Rodas faz grandes espetáculos e é conhecido da mídia e Luciana Martuchelli e seu pai Gê Martu um dos grandes atores formam um panorama de nomes que aderem a esse crescimento.
Andréia de Oliveira – Foi difícil superar barreiras e atuar em uma novela na Globo? Fale-nos um pouco sobre e
ssa experiência. Fazer televisão seria um dos poucos caminhos de reconhecimento público de um ator, a única forma de sobrevivência?
Fernando Diamantino – Sim, sim, sim e sim. Aqui chegando no RJ tive que trabalhar para so
breviver. Garçon, assistente de banquete, animador de festas infantis, eventos performáticos. Fiz tudo isso e ainda faço. Tenho que pagar as contas. Mas sou muito feliz, o caminho com Poesia me está permitindo ser feliz. Gosto dos desafios. A novela veio quando menos esperava e foi uma possibilidade que agarrei com unhas e dentes. Conheci Francisco Cuoco, Marília Pera, Lázaro Ramos, Taís Araújo, Milton Gonçalves, todos estes feras que são ídolos. Eu gravava em estúdio somente, então não transitei com todo elenco, mas foi um aprendizado muito bom e na hora certa. É difícil o caminho é muito difícil, mas a realização é muito melhor. A direção do Wolf Maya é poética, então foi muito bom. O supermercado me reconhece, o botequim perto de onde eu moro eles me reconhecem, enfim, conheci este lado da moeda. Para a novela fiz um teste de mordomo. Tinha que saber servir montar uma mesa... e passei. Cheguei para gravar e entrei falando e sem pestanejar – tudo era mundo novo, momento de realização, emoção, profissional e tinha que administrar tudo isso. Vejo a televisão como meio, mas não como único meio de divulgação e de reconhecimento. Hoje, as peças de teatro anunciadas pela televisão sofrem de falta de público também e os atores não enchem teatros. Acredito e sempre acreditarei na Cultura pela Cultura e esperarei que interesses governamentais, políticos, unilaterais não tirem as possibilidades de a Cultura ser acessível. Sou goiano, de Santa Helena de Goiás, morei em Brasília e atualmente moro no Rio de Janeiro. Aqui trabalho e tenho meu projeto “Cantando Poesia”. Sou jovem bastante para seguir o rio da minha aldeia. Não falemos em números, pois a foto é recente. Sou apaixonado pela Poesia desde menino. Aos 15 anos achava que era Fernando Pessoa, aos 21 achava que era Álvares de Azevedo e hoje acho que sou eu mesmo (risos). Gosto do simples. Tenho minha grande inspiradora minha mãe Élvia dos Santos Diamantino meu norte, meu tudo... e agradeço aos amigos que me ajudam: Lina Vilalva, Berenice Xavier, Antenor Luz, o Panorama que abriga meus shows, Lourdes, Saldanha que me permitem falar de poesia no estabelecimento mais panorâmico do RJ- Leblon. Está convidado é só ficar atento que estou com muita Poesia a sua espera!
Andréia de Oliveira – Concordo quando diz que a vida cultural fora das metrópoles é rica. Aqui em Salvador temos grandes talentos na literatura, teatro, música que não têm reconhecimento nacional, devido a própria massificação da indústria cultural do sul do país, que impuseram ao nosso estado o estereótipo de “axé music” e suas derivações. Quando me refiro às dificuldades de sobrevivência do artista fora do eixo Rio-São Paulo, refiro-me justamente ao preconceito implícito nas ideologias de superioridade cultural e racial. Assim, você acredita que em outra cidade do país, o seu trabalho teria o mesmo êxito que tem no Rio de Janeiro? Sei que esse discurso soa como uma velha retórica, mas não há como negar que há um favorecimento seja em termos de patrocínio, de divulgação, de veiculação às manifestações culturais ocorridos no “sul” do país.
Fernando Diamantino – É mundial o descaso com a Poesia. Em qualquer lugar hoje em dia a Poesia choca. Porque é Palavra e bem cuidada. O ser humano não sabe ouvir mais, hoje se escuta e pronto. Não penso de outra forma. Em qualquer lugar do mundo há lugar para Poesia. A Tropicália ficou porque havia poesia, a Jovem Guarda ficou porque havia Poesia, os movimentos a democracia ficaram porque havia Poesia, derrubamos um presidente porque havia poesia. A Bossa Nova foi pura Poesia e não preciso mais de exemplos. Eu faria em qualquer canto este meu show. Embora o público alvo seja a Escola, a Faculdade, e os professores que tantas vezes espantam os alunos com seus métodos arcaicos de ensinar a Poesia. Mesmo no RJ ela sofre preconceito e discriminações distintas. É muito complicado hoje em dia convencer uma editora a publicar um livro Poético, porque não há interesses, interesses financeiros porque a indústria sufoca a juventude de Harrys Potters, de Crepúsculos, enfim... No “sul” do país existe muita coisa boa e muita coisa ruim também. No “sul” do país existem os engravatados em maioria e aí pronto, poucos sobrevivem aos engravatados de plantão, o dinheiro some rápido e aí se dá: A CULTURA SEGMENTADA.
Andréia de Oliveira – Pegando esse gancho ainda da divulgação artística, nota-se que muitos atores de teatro migram para a televisão em busca da ampliação das possibilidades de divulgação de seu trabalho. Com você aconteceu exatamente assim ou você realmente sempre teve a aspiração de fazer televisão? Está aberto a novos trabalhos? Fazer televisão é algo tão prazeroso quanto a música ou a poesia para você?
Fernando Diamantino – Essa migração seja como for é bem vinda. O
mercado oferece estamos prontos. Não sou hipócrita em dizer que televisão é fácil e malhar o veículo. É divino o trabalho em equipe que se faz. Técnicos, staff, diretores, uma indústria. Não deixo de fazer se assim me for oferecido. É um trabalho, como o cinema também é. Eu particularmente não gosto das celebridades, muitas delas emburrecem o sistema. Elas confundem ofício com exposição e beleza. A televisão está enraizada graças a atores de ofício como: Lima Duarte, Tony Ramos, Raul Cortez, Fernanda Montenegro, Marília Pêra e tantos...É uma vergonha usar a televisão para desfilar diante de tanta história criada por estes nomes. A atuação sempre me emociona, quando a palavra me arrepia eu nem penso em qual veículo estou, se é canto, se é texto se a palavra me emociona ali estarei.
Andréia de Oliveira – Em toda profissão sempre nota-se uma espécie de “barreira de mercado “, ou seja, dificuldades de jovens talentos adentrarem o clã das consagradas personalidades. Você, um jovem ator, já sentiu alguma espécie de preconceitos ? Como você foi recepcionado pelos grandes nomes globais? Como foi atuar logo no primeiro trabalho de televisão em uma emissora como a Globo, uma das maiores do mundo?
Fernando Diamantino – Eu fui recebido como gente nova. Eu por mim mesmo sabia onde estava entrando graças a Deus. É um ambiente de egos, não podemos negar. Eu fiz, eu não questionei nada nem ninguém. Trabalhei e vivi meu sonho a realização dele com maior dignidade possível. Fiz amigos e pude ver que estava acertando. Pude desempenhar um papel na TV ao lado dos meus ídolos. E Milton Gonçalves me emocionou todos os dias. Mariana Ximenes é surreal de inteligência e generosidade.
Andréia de Oliveira – Quando você se referiu a sua formação artística, observei que teve uma infância bastante lúdica , privilegiada por um ambiente familiar que prezava a cultura. Mas, infelizmente, essa não é a realidade de boa parte da população brasileira. Acredito que a poesia seja , ainda, uma arte de difícil acesso dado a subjetividade , o caráter transcendental da linguagem e a ausência do hábitos da leitura por parte dos brasileiros. Quais seriam as alternativas para a difusão da poesia em uma perspectiva mais popular? O seu projeto da poesia cantada é excelente, uma vez que a música é uma linguagem universal. Você enxergar também em suas exibições uma forma de resistência cultural?
Fernando Diamantino – Claro, a educação foi falindo, o sistema emburreceu, os governos foram ditando seus projetos unilaterais e esquecendo do povo, do básico. O básico é a escola. Eu já disse que no caderno distribuído pelo governo, na minha época, eu tinha acesso a Cora Coralina, a letra do Hino Nacional. Eu estudava Moral e Cívica. Nós tínhamos gincanas educativas e tudo era revertido e em prol dos alunos, professores e pais. Uma casa perfeita, um lar. A escola tem que acolher e não segmentar, pois quando segmenta se perde
a essência. A Poesia é alma de tudo. Nada é se não existe Poesia – e isso tem de ser passado no ensino básico. Hoje, assustam os alunos as métricas, as rimas e a falta de preparo dos professores em ensinar Poesia. “Cantando Poesia” entra aí e foi pensando nisso que fiz o projeto e venho executando o mesmo. O show preza a essência desse código: a fala. Preza o erudito, o popular, a palavra sem discriminar sem segmentar. É preciso que todos voltem a estudar inclusive os professores. “Meu Reino Por Um Cavalo” – Dias Gomes – atualíssimo – graças a Deus!
Andréia de Oliveira – Dentro destas perspectivas da resistência cultural, fale sobre suas expectativas em participar de um livro da Coleção Literatura Clandestina, creio que nesse quadro de deterioração dos valores sociais , onde o sistema sufoca cada vez mais as manifestações que despertam o senso crítico das pessoas, inibindo obviamente o florescimento cultural . Você concorda?
Fernando Diamantino – Sempre haverá resistências e o que não pode deixar de existir são iniciativas que mostrem o outro lado da moeda, ou seja, rebater, questionar e fazer. Essa pulsação deve existir sempre ela é benéfica. Não posso crer em resistência cultural porque a Cultura é de um povo a partir do momento que há resistência há burrices contra um povo. Disseram-me certa vez que “poesia aqui...ninguém vai prestar atenção”, pois ali foi mesmo o lugar dela e comecei: “não leve nada a minha boca que não seja mar”... e todos calaram e ouviram toda ela. A palavra é a única forma de entendimento. Ela leva ao diálogo, sem ela n
ada feito, sem ela a burrice imperará, sem ela não haveria declarações de amor como a declaração de Clarice Lispector à nossa Língua Portuguesa. Diante de tudo isso eu sempre acreditarei naqueles que empunham inteligência e fazem: como este projeto da Literatura Clandestina que vai a frente, e agrega e faz florescer a Palavra, mesmo que seja “silêncio nas palavras”. Minhas expectativas são as melhores e me sinto parte de um todo em prol da Palavra e acho particularmente o título do livro muito poético. É do silêncio que vem os sons mais encantadores é do silêncio que um bebê chora... é a Poesia vingando!
Andréia de Oliveira – Você realizou o sonho de muitos atores iniciantes participando de uma novela da Rede Globo. Foi algo assim tão simples? Como funciona o esquema de contratação de novos atores? A beleza física é um atributo fundamental?

Fernando Diamantino – É difícil, tem que haver persistência e tem que estar bem consigo. Digo: sabendo bem o que você quer. Já fui recebido por produtor de elenco que nem olhou na minha cara. Para isso não te abalar, pois você precisa ter certeza de que você está bem. Não tem fórmula é tentando que se consegue. O personagem que eu fiz era mordomo, este personagem especificamente tinha exigências como saber servir à francesa, à inglesa, montar uma mesa e eu, por trabalhar com isso, já saí na frente e uni o útil ao agradável. Beleza vale muito e sai na frente obviamente. É muita lipo dali, peeling daqui, malhação e vamos embora, infelizmente.
Andréia de Oliveira – Outra curiosidade do grande público é saber o que passa nos bastidores das emissoras de televisão fora do glamour das cenas de plástica perfeita. Qual a lição que extraiu desse mundo de celebridades? As conveniências e interesses financeiros sobrepõem-se verdadeiramente à arte?
Fernando Diamantino – Bastidores. Os bastidores são como uma indústria de profissionais ligados, agendando atores que chegam, contactando aqueles presos no trânsito e que atrasaram para a gravação... Maquiadores trabalhando - produtores correndo dali pra cá, acolá... é uma correria... o set de filmagem
é de tamanha concentração e os atores trocam generosidades. Há aqueles que fazem só o papel e no máximo diz oi. Eu aprendi assistindo aos meus ídolos numa escola ou num curso e assim ganhando para fazê-lo. Assistir Marília, Milton, Totia, Francisco Cuoco. O Lázaro Ramos é muito bom, aprendi muito, eu extraí dali aprendizado. O glamour pouco me interessava, e mais eu tenho uma poesia para a Fernanda Montenegro. Eu fui ao camarim dela que gravava na época a novela “Celebridades” e entreguei. Momento de glória e ela me disse: "Mais um Fernando em minha vida..." E eu caí para trás (risos). Aproveitei os bastidores para a Palavra e só.
Andréia de Oliveira – Como foi para você, um ator de formação teatral, confortar-se com a dinâmica da linguagem televisiva? Até que ponto a experiência com o teatro ajudou-lhe? Pretende voltar a fazer televisão?
Fernando Diamantino – Eu me lembro de uma cena entre mim, Francisco Cuoco e Milton Gonçalves... Eles gravaram no ensaio e eu fui na deles olhando no olho deles. A cena é como Chaplin sem falas, é de uma poesia absurda. Quando terminou, eu achando que era ensaio e eles me dizendo: está gravado, você veio com a gente parabéns! Eu quis chorar, eles são generosos. O teatro possibilita o jogo, e sem querer, o teatro ali saltou. Tem que se entregar. Adorei fazer, e ainda farei outros trabalhos sim. Estou tentando voltar, é difícil mesmo para quem já fez. Mas D
eus sabe o que faz.
Andréia de Oliveira – E seus projetos atuais ? Fale um pouco do seu projeto da “Contando Poesia”. São poesias de nomes consagrados como Vinícius? Você apresenta esse show somente no Rio de Janeiro?
Fernando Diamantino – Estou tentando voltar a TV, fotos novas, recadastramento e contactando produtores de elenco. Tenho shows todo fim de mês até dezembro na Praia de Copacabana. Estou fechando um roteiro de um grande show dentro do Projeto “Cantando Poesia”, no Teatro Rival, com o grande cantor Elohin Seabra. Atores e artistas vivem de projetos se não os tem inventam... (risos). E ainda trabalhando por fora para sustentar a vida. O show “Cantando Poesia” tem desde os nomes consagrados até gente desconhecida. O importante é que a Palavra chegue, se me arrepia coloco no roteiro não importa de quem seja. Os nomes de destaque são versões. Bethânia já falou quase tudo. Adoro o “Soneto da Fidelidade”, o “Monólogo de Orfeu”, Fernando Pessoa, Cora Coralina. Dentro do projeto que era “Contando Poesia” e virou “Cantando Poesia” e o show que mais deu o que falar foi a homenagem a Vinicius de Moraes. Este é ícone e quando fui a Portugal o “Soneto da Fidelidade” fez mais sucesso do que tudo. O show ainda não saiu daqui. Mas pode sair. Esta pergunta é um convite? (risos). Eu quero ir a todos os lugares.

Andréia de Oliveira – Por fim, gostaria de agradecer-lhe a paciência e disponibilidade em conceder essa entrevista, desejando sucesso e aplaudindo a iniciativa do projeto “Contando Poesia”.
Fernando Diamantino – Eu é que agradeço! Estamos juntos e pela Palavra isso é muito bom. Às vezes, falei mais nas perguntas. Mas tudo está respondido. Obrigado mesmo, de coração. Eu adoreiiiiii! Beijos...


Fernando in “Contando Poesia”.
Mais momentos de shows.
Em Portugal, 2008.
No túmulo de Camões, ainda em Portugal.
Com a mãe, dona Élvia e Caymmi, no RJ.
Com dona Élvia e o amigo Evaldo Gouveia.
Com Helena Lima.
Com Elba Ramalho.
Pés descalços: “Não vou andar pela vida contando passos a ir de encontro com o que possam achar, pensar, sobre mim... Ando sobre meus passos e peso aos pés nem o que de leve peso ao cérebro...
Meu sustento está onde a calmaria reina entre neurônios e todos seus entes a conviver em paz... Dali vem todo o meu sustento para me firmar sobre os pés... O peso da vida? Que contém os passos quem quer ser medíocre e pobre... Eu sou rico no que chamam entendimento para viver e sou mais ainda quando me fazem perceber que existe menos como medida... que contém os passos quem não tenha forças para arregaçar as mangas e ir à luta, e chorar, e rir, e abraçar e fazer carinhos...
Não são estas faltas o peso na minha alma... amo igual... que contem os passos quem olha para o sol e vê uma lua e vice-versa... que contem os passos os atrasados, os cerceados de sentimentos por si mesmos... que contem os passos os de cara de anjo que copiam a estátua e agem se defendendo matando, ferindo as leis... de amar... que contem os passos os que julgam saber de tudo” (F.Diamantino).
foto 9: Andréia de Oliveira
fotos: arquivo particular de F. Diamantino