domingo, 28 de fevereiro de 2010

GRITOS DA TERRA

"O que se torna evidente em tragédias naturais, como terremotos ou tsunamis, é que a terra é um imenso organismo vivo sujeitos a leis próprias e o homem no auge do seu desenvolvimento tecnológico é apenas um frágil componente dessa cadeia toda".

Por Andréia de Oliveira

Por mais que as catástrofes naturais estejam sujeitas as leis impessoais e que alguns fenômenos como terremotos ou erupções de vulcões possam possuir alguma regularidade cíclica, tais manifestações da natureza sempre causam um misto de surpresa e dor ante a impotência humana. E assim a pouco mais de um mês do terremoto que abalou o miserável Haiti, novamente movimentos da terra se fizeram sentir em grande magnitude com todo seu poder de destruição , na madrugada do dia 27 de fevereiro.

Dessa vez, o Chile, país localizado sob o chamado “círculo de fogo” do Pacifico, área de intensa atividade sísmica esta sob o centro do terror, abalado por um terremoto de 8,8 graus na escala Richter, com uma potencia cerca de 900 vezes maior do que o registrado no Haiti em janeiro ultimo que teve uma magnitude de 7,0 graus, segundo leitura dos sismógrafos. O epicentro do tremor localizou-se a 35 quilômetros de profundidade a 91 quilômetro ao norte da cidade chilena de Concepción , sendo sentido na capital chilena e outras áreas do país, além de propagar tremores de menores intensidades para países vizinhos como Argentina , Peru e até o Brasil nos estados do Paraná e São Paulo.


Ainda não se sabe ao certo o número de vítimas fatais no Chile , em torno de 300 até o momento, mas imagens e relatos apontam para uma grande destruição de prédios e residências , pontes e viadutos, sobretudo na região próxima a Concepción , que enfrenta ainda problemas com o fornecimento de energia e água e serviços de telefonia. As dificuldades de se obter notícias de familiares ou amigos que residem nessa área causam angústia e desespero de inúmeras pessoas que estão fora do país, a exemplo do poeta chileno Luis Arias Manzo que se encontra no México e manteve contato com o escritor Elenilson Nascimento do blog Literatura Clandestina.


TSUNAMIS- Foram emitidos alertas de tsunamis para diversos países banhados pelo Oceano Pacifico como Chile, Equador, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Polinésia Francesa, Havaí e Japão, país atingindo por ondas gigantes em 1960, na ocasião do maior terremoto registrado no Chile que alcançou 9,5 graus na escala Richter. Foram efetivados medidas de desocupação dessas áreas ameaçadas e somente no arquipélago de Juan Fernández no Chile e nas Ilhas Robinson Crusoé , próximas ao Chile há o registro de vítimas fatais. Nas demais localidades o tsunami chegou com uma força menor do que o previsto, registrando-se ondas de até 1,50 metros de alturas.


TREMORES SECUNDÁRIOS- Cerca de 60 tremores menores atingiram o Chile após o grande terremoto da madrugada do dia 27 de fevereiro, causando pânico na população que desocupou imóveis e se instalou nas calçadas e ruas. Já o terremoto de 6,1 graus na escala Ritcher que atingiu o norte da Argentina por volta de 12:00 desse mesmo dia 27, deixando um saldo de ao menos 02 mortos, não pode ser considerado como uma replica do grande terremoto ocorrido na madrugada no Chile, uma vez que a área está situado em um sistema geológico diferente.

De qualquer forma, a ocorrência de dois terremotos em áreas próximas, aliadas a tragédia que se abateu sobre o Haiti em janeiro, podem despertar o sinal vermelho para os partidários da teoria dos finais do tempo. Apocalípticos ou não, o fato é outros sinais emitidos pela natureza ultimamente apontam para um cenário nada animador.

Em meio aos extremos do tempo sinalizando pelo rigoroso inverno no hemisfério norte, às ondas de calor no hemisfério sul emerge-se enchentes, nevascas, destruição e morte. Em virtude do fenômeno conhecido como El Nino, que provoca modificações nos padrões climáticas da terra, o verão brasileiro registra temperaturas recordes registrando-se elevados índices pluviométricos em algumas regiões e em outras, níveis extremos de radiação solar, com o conseqüente aumento da incidência de raios ultravioletas, responsáveis pelo surgimento de câncer.

Tal fenômeno climático possui uma periodicidade cíclica , ocorrendo em ciclos de 2 a 7 anos , contudo não se pode esquecer dos efeitos do superaquecimento global provocado pela ação humana que certamente está contribuindo para as alterações climáticas. Fato noticiado pelos meios de comunicação nessa última semana de fevereiro foi o descolamento de um imenso iceberg na Antártida, com metade do tamanho do Distrito Federal que flutua ao Sul da Austrália e pode causar alterações nas correntes marítimas , afetando drasticamente o clima no planeta.

Diferente desse desastre ambiental, terremotos a exemplo dos que se abateram sobre Chile e o Haiti, não esta relacionado a interferência humana, uma vez que são ocasionados pelos movimentos das placas tectônicas no interior da terra. Contudo, o que se torna evidente em tragédias naturais como essas, é que a terra é um imenso organismo vivo sujeitos a leis próprias e o homem no auge do seu desenvolvimento tecnológico é apenas um frágil componente dessa cadeia toda.

FONTES/FOTOS: FOLHA ON LINE/ UOL NOTICIAS / MSN

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

VIVA LA VIDA


Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando. Corais da cavalaria romana estão cantando. Seja meu espelho, minha espada e escudo.Meus missionários em um campo estrangeiro. “

(Tradução, Viva La Vida , Coldplay)

Enquanto aqui em Salvador ainda ressoam os débeis ecos do “Rebolation-chon-chon-chon” em seus grotescos passos que mais lembram uma espécie de dança do acasalamento, Rio de Janeiro e São Paulo preparam-se para receber nessa semana a banda de rock inglesa Coldplay, em sua segunda visita ao país. Os shows no Brasil fazem parte da turnê de divulgação do quarto CD do grupo "Viva la vida or death and all his friends", nome inspirado a partir de um quadro da artista mexicana Frida Kahlo, que inspira o otimismo ante os percalços da vida.

Em seu rico universo temático, o Coldplay , constrói suas músicas com melodias harmoniosas, emotivas , transcendentais , melancólicas e profundas, conduzindo seus ouvintes a um perfeita interação com uma sonhada realidade distante. A banda representa ainda uma antítese ao estereótipo “ sexo, drogas e rock’n roll “ , sendo marcante o seu apoio a várias causas sociais e políticas e a participação em projetos de caridade como o Band AID 20, Live 8 e Teenage Câncer Trust.

TEXTO: ANDRÉIA DE OLIVEIRA
VIDEO: YOU TUBE
FOTO: DIVULGAÇÃO

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

JUSTIÇA?


Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro coloca em liberdade o jovem de 16 anos, que participou do assassinato do menino João Hélio de três anos ocorrido no Rio de Janeiro em 2007.


Um das grandes contradições do ordenamento jurídico determina que um adolescente de 16 anos possui maturidade para escolher seus governantes, contudo ainda não tem consciência para ser imputado por delitos ou crimes, mesmo os mais bárbaros. Nesse contexto a decisão do juiz Marcius da Costa Ferreira da Vara de Infância e Adolescência do Rio de Janeiro a respeito da liberdade condicional concedida ao jovem que com 16 anos participou do covarde assassinato do menino João Helio de três anos, arrastado por 7Km preso ao cinto de segurança do carro de sua família, ressoa com indignação por diversos segmentos da sociedade, permeado pelos quatros cantos os ecos do sentimento de impunidade tão recorrente nos dias de hoje.

O adolescente estava internado desde 2007 em um instituto para jovens infratores no Rio de Janeiro, cumprindo pena de medida socioeducativo, conforme determina Estatuto da Criança e Adolescente - ECA, sendo digno de registro nesse período de reclusão o envolvimento em rebeliões e a tentativa de assassinato de um agente da instituição. A justiça entendeu, entretanto, que o jovem possui condições condizentes para ser beneficiado com o regime semi-aberto, a ser cumprido em local não determinado, devido a sua inclusão do Programa de Proteção à Testemunha do governo.

Especula-se , ainda que o referido jovem, hoje com 18 anos, possa ser conduzido junto com a família para o exterior , para que recomece uma vida nova ,através do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte por intermédio da ONG Projeto Legal. Embora não haja confirmação, veicula-se na imprensa a informação de que uma petição solicitando a inclusão do jovem no programa, foi anexada ao processo.

Antes de fazer qualquer crítica quanto às decisões judiciais, baseadas em prerrogativas legais uma vez que o ECA classifica menores de 18 anos como inimputáveis e determina um período máximo para as internações, necessário fazer um importante questionamento quanto a capacidade das instituições jurídicas e governamentais fornecerem elementos que apresente resultados favoráveis no combate ao crescimento da violência praticada pelos adolescentes. Notável é a participação de jovens menores de idade em crimes brutais e hediondos , a exemplo do assassinato de Alcides do Nascimento Lins, o filho de uma catadora de papel ,aprovado em primeiro lugar no vestibular de Biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco , morto por um dos tiros disparados pela arma de um adolescente de 16 anos, no último dia 06.

Vale ainda uma própria crítica quanto ao conceito de adolescência, construído na idade moderna que estipula uma faixa limítrofe entre a infância e a idade adulta, época essa de formação de caráter e personalidade. A idade de 18 anos estabelecida convencionalmente para que se determine a capacidade de alguém responder conscientemente por seus atos estaria realmente condizente com a evolução dos costumes e informações dentro de uma sociedade como a nossa?

Por outro lado, observa-se o total descaso com a juventude de um país que sentencia à morte desde o nascimento , gerações inteiras empurradas para as drogas e o crime ante a ausência de quaisquer perspectivas de vida. E esse mesmo estado surge como guardião dos interesses dos adolescentes por da instituição de leis que na prática mostram-se poucos eficazes e sequer são capazes de amenizarem os bolsões de pobreza e miséria, um dos principais determinantes da violência juvenil nas camadas mais baixas da sociedade.


TEXTO: ANDREIA DE OLIVEIRA
FONTE: PORTAL G1


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A TRADIÇÃO DOS FILHOS DE GANDHY

Tradicional afoxé proporciona um dos mais belos espetáculos do carnaval de Salvador

O tapetão branco que os associados do maior Afoxé do mundo formam ao desfilar pelas ruas de Salvador é uma das marcas mais fortes do carnaval baiano, símbolo este de participação e tradição popular. Formado em 1949, pelos estivadores do Porto de Salvador em forma de bloco de carnaval, os Filhos de Gandhy incorporam em 1951 , elementos da cultura afro e da religião africana e do cânticos de ijexá na língua ioruba.

O nome é uma alusão aos princípios de não violência de Mahatma Gandhi , sendo o tema da paz, o lema adotado em seus desfiles. As fantasias em forma de túnicas simbolizam as vestes indianas , intercalado-se as cores branca e azul em outros acessórios como os turbantes , além dos colares oferecidos aos admiradores como oferendas de paz.

Da composição original formada exclusivamente por estivadores, os Filhos de Gandhy , hoje, é constituídos por foliões de diversas classes sociais, destacando-se a presença do público jovem que instituiu a famosa troca dos colares por beijos durante o percurso do carnaval. Em 2010, o afoxé traz aproximadamente 8.500 homens que abrem o desfile no domingo de carnaval, saído da sede no Pelourinho no Centro Histórico da cidade.

A CONFEÇÇÃO DOS TUBANTES

A ABERTURA NAS VARANDAS DO PELÔ

PELAS RUAS DO CENTRO HISTÓRICO

O PEQUENO GANDHY COM SUA ALFAZEMA

FLÁVIO ESTREANDO NO CARNAVAL

O TAMBÉM ESTREANTE CLAUDIO

ESPERANDO A SAÍDA NO TERREIRO DE JESUS

OS ESTREANTES TOTALMENTE A VONTADE

ALA DE ENTRADA DO GANDHY
TRADIÇÃO DE PAI PARA FILHO
NO PASSO DA PAZ
ANO QUE VEM TEM MAIS
FOTOS: CLAUDIO MANOEL GONÇALO /DESFILE DO DIA 14/02

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ALEXANDRE LEÃO NO AXÉ ACÚSTICO

O cantor e compositor baiano Alexandre Leão será uma das atrações do Trio do Axé Anos 80, na sexta-feira (12/) a partir da 21: 00H, no circuito Barra – Ondina, juntamente com Buck Jones e Márcia Short, importantes nomes do som feito na Bahia durante a década de 80. A iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia levará o chamado Axé Acústico para o Circuito do Campo Grande na terça-feira (16) dessa vez com os cantores Sarajane, Ademar e Virgílio.
Alexandre Leão começou sua carreira ainda nos anos 80, com 17 anos, quando teve uma música gravada por Maria Bethania. Desde então, já foi interpretado por nomes de peso da MPB como a Família Caymmi, além de astros do axé baiano como Ivete Sangalo, Cláudia Leitte e Margareth Menezes.
Seu mais recente trabalho, o CD Quatro Cantos, lançado em 2009, é um diferencial dentro da mesmice e mediocridade que imperam nas produções musicais baianas da atualidade. Reunindo diversos parceiros como Jauperi, Targino Godim, Moises Souto, Saulo Fernandes, entre outros, em uma diversidade de influências que vão desde o rock ao forró, Quatro Cantos apresenta canções de letras inteligentes e poéticas com trabalhados arranjos, em um resultado que agrada tanto os ouvidos mais refinados quanto os admiradores da música pop.

FONTE: POEMAS DE MIL COMPASSOS

ME DÁ A PATINHA

“Do plano de segurança para o Carnaval às músicas de baixo calão: já é Carnaval cidade, acorda pra ver!”
Essas são as Muquiranas, do bairro da Caixa D'Água, que fazem a festa (com direito a arrastão) antes de o bloco sair para a avenida.
Por Elenilson Nascimento
Quem não viveu um amor de Carnaval achando que era pra sempre? Parece que foi ontem, em plena Ladeira da Carlos Gomes, quando eu ainda ia para a folia, precisando de fôlego para aguentar os Tambores da Liberdade do Trio Internacionais puxado pela Daniela... Louco pra amar sem medo de ser feliz, onde a distância era o que menos importava, embalado pela música “Margarida Perfumada”: "E se você se for...". Chega! Nem quero mais pensar nisso!
O Carnaval é a grande festa do Brasil inteiro. Mobiliza uma grande parte significativa e atrai turistas de todo o mundo. Seis dias de folia, milhões nas ruas e uma visibilidade imensa para alguns e a total exclusão da grande maioria. É também um teste de civilidade e de competência para o Poder Público. Mas a Bahia, como tudo em Salvador, em particular, vem experimentando um crescimento da violência. Quem conhece o Carnaval de Salvador sabe que, além da festa animada feita para turistas verem, se trata de um evento marcado por excessos e por atiçar a cobiça de um grande contingente que vive à margem da lei. Atrás dos turistas e dos desavisados vêm uma legião de oportunistas.
Juntos, Bebel Gilberto, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown animaram o “Sarau du Brown” (super caro) no último domingo, uma das centenas de eventos pela cidade antes da folia.
Se foi justo ou mal calculado o preço pago (*esse ano foram investidos 50 milhões na festa) para tentar garantir um mínimo de tranquilidade a um evento que transforma a cidade em vitrine aos olhos do País e do mundo, a Quarta-feira de Cinzas dirá. Mas uma coisa é certa: investimento na prevenção deveria ser o ano todo, quando os baianos voltam ao trabalho e cuidam de suas próprias vidas sem tantos holofotes em cima. Agora, olha que “sutileza” na lamentável música de pagode “Me Dá a Patinha” da banda baiana Black Style:
“O João, já pegou/Manoel, pegou também/O Mateus engravidou/Tá esperando o seu neném/Carlinhos, pegou de quatro/Marcinhos fez frango assado/José sem camisinha/Pego uma coceirinha/O nome del'é Marcela/Eu vou te dizer quem é ela(2x)/Eu disse/Ela, ela ela é uma cadela/Ela, ela mais ela é prima de Isabela(4x)/Joga a patinha pra cima/One, two, three/Me dá, me dá patinha/Me dá, me dá patinha/Me dá, me da patinha/Me dá sua cachorrinha (3x)/Eu disse ela, ela, ela e uma cadela.../Me dá sua cachorrinha/Repete tudo de novo e fim”.
Eu fico deprimido com esse tipo de coisa, mas parece que no Brasil tudo agora é normal. Esse conteúdo de baixaria, de vulgaridade - que também excita a violência contra as mulheres - está sendo cantando por todos os cantos. E o pior disso tudo é que muitas mulheres adoram esse tipo de coisa. Salvador está virando um puteiro a céu aberto e a culpa é de quem? Da educação pífia, com esses governantes retardados (*o prefeito João Henrique é o pior deles), com esse povo cada vez mais imbecil e que adora comer “fezes”. Lembrando que o funk carioca é a mesma coisa.
E o pior agora é que, além da lamentável “Me dá a patinha”, temos que aturar esse tal de “Rebolation” que já passou em quase todos os programas da Globo e, no último domingo, até no “Fantástico”. Daqui a pouco vão usar em “Lost” também. Claro que está rolando muita grana aí por trás, mas os otários só no “Rebolation” não pensam e mais nada. Pra que pensar? Pensar cansa. E a culpa também é da sociedade que não valoriza a educação, livros, bom gosto, e o pior, os chamados “pseudo-universitários” também consomem essas “merdas”. Lembrando que a música nova da Daniela Mercury para o Carnaval desse ano, "Oiá Por Nóis", é muito boa, mas isso ninguém comenta.
O vocalista do grupo Parangolé, Léo Santana, ensaia passos do sucesso lamentável do verão “Rebolation” com as dançarinas do grupo de pagode, na área verde do Hotel Othon, Salvador, no último domingo, 31/01. E viva a futilidade e a ignorância!
Aproveito também para passar umas dicas para quem está começando na folia. Algumas dicas que a gente acaba aprendendo por bem ou por mal: Carregue apenas dinheiro trocado e suficiente para suas despesas no dia, uma cópia da identidade, o cartão do plano de saúde (*se tiver), e anotado em algum lugar o endereço de onde está hospedado e um telefone para contato. Não leve máquina fotográfica muito cara, que chame a atenção; evite levar celular, um cartão telefônico já resolve; e se for usar pochete (*breguice viu!), use uma bem discreta por debaixo da camiseta. Procure andar sempre em grupo; se for de bloco, evite sair do bloco durante o percurso. Salvador tem muitos banheiros químicos, mas as condições de limpeza são ruins. Evite bebidas diuréticas (*sem comentários). Vá de tênis confortável; passe protetor solar antes de sair, se puder leve com você. E, principalmente, fique longe da corda do Chiclete!
Casa de Jorge Amado ao fundo e Ladeira do Pelourinho encobertos pelas marquises do Carnaval.
Pra quem quiser conhecer as músicas favoritas desse ano CLIQUE AQUI. Num Carnaval que homenageia Gerônimo, grande compositor baiano, eleito Rei Momo, as músicas estão abaixo da média. Agora, clique abaixo e ouça o comentário do antropólogo e professor de UFBA, Roberto Abergaria, sobre o Carnaval em Salvador:
foto 1: Rodrigo Rodrigues, foto 2: Claudionor Junior
foto 3: Lúcio Távora e foto 4: Fernando Vivas
podcast: Portal da Metrópole
FONTES: LITERATURA CLANDESTINA

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

ABORTO EM PAUTA

Pressão da Igreja faz governo alterar o texto do Programa Nacional dos Direitos Humanos que defendia a descriminação do aborto no país.
Por Andréia de Oliveira

Até onde vai o direito de organizações religiosas interferirem em uma nação laica que por essência faz vigorar o preceito da separação entre o estado e a igreja? Essa velha questão que sempre surge quando leis ou iniciativas estatais contradizem tradicionais dogmas religiosos volta novamente à cena com o recuo do governo no Programa Nacional dos Direitos Humanos que defendia a descriminalizar do aborto no país.

Publicado no Diário Oficial da União, em dezembro de 2009 , o programa estabelecia apoio ao projeto de lei que tornava legal a prática do aborto no Brasil , aludindo-se ao direito de autonomia das mulheres para decidirem sobre seus corpos. A redação do novo texto ,entretanto, apenas deverá abordar o aborto do ponto de vista da saúde pública, em ocasiões que façam necessária a interrupção da gravidez para que se salve a vida da mãe.

O programa criado através de um decreto presidencial, traz a pauta possíveis temas para projetos de lei a serem apreciados pelo Congresso Nacional, contendo, ainda, outros tópicos polêmicos, a exemplo da criação de uma Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura e a não repreensão às invasões de terra. Parece, contudo, que o alvo dos líderes religiosos pais seja o que se considera uma ameaça a família e ao matrimônio ou a negação de alguns símbolos da fé católica.

E assim a Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros lançam veementes críticas ao programa governamental no que tange além da legalização do aborto, a união civil estável entre pessoas do mesmo sexo, a adoção por casais homoafetivos e a proibição da ostentação de símbolos religiosos nas repartições públicas do país. Os bispos católicos que denomina o presidente Lula como o “novo Herodes “ por supostamente promover o extermínio de crianças com a descriminação do aborto também organizam um abaixo-assinado contra o que classificam como ato autoritário do governo , uma vez que estaria a serviço apenas da vontade de parcela minoritária da população.

Com isso, percebe-se que os mecanismos de dominação das religiões transfiguram-se em repreensão ideológica na tentativa de se fazer valer seus dogmas e tradições que deveram ser aceitos universalmente, mesmo diante da presença de opiniões contrárias no seio dos seus próprios fiéis, a exemplo da postura da ONG Católicas pelo Direito de Decidir.. Mas a grande verdade mesmo é que por mais que o Brasil seja um país de maioria declaradamente católica, um governo democrático também se faz em respeito aos direitos e vontades das minorias e dos grupos que se opõem em comportamento e pensamentos aos ditames da Igreja Católica.

E dessa maneira, mesmo a despeito da vontade da Igreja Católica, o fato é que o aborto é amplamente praticado de forma clandestina no país, vitimando com a morte não só os fetos, assim como também mulheres pobres que recorrem a clínicas ou locais sem maiores recursos ou preparo para intervenções desse porte. E a vida tanto defendida e conclamada também se perde nas milhares de gestações sem planejamento que apenas multiplica a massa de miseráveis do país.

FOTO: PANFLETO ANTI-LULA DISTRIBUÍDO PELA IGREJA CATÓLICA / PORTAL UOL
FONTES: UOL NOTÍCIAS


sábado, 6 de fevereiro de 2010

A DIFICIL INSERÇÃO DOS HOMOSSEXUAIS NA SOCIEDADE

Declarações realizadas pelo general candidato a uma vaga no STF ,a respeito da presença de homossexuais nas forças armadas abre espaço para discussões sobre a garantia dos direitos civis dos homossexuais.

* Por Andréia de Oliveira

Em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, realizada na quarta-feira, dia 03 de fevereiro, o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho , candidato a uma vaga no Superior Tribunal Militar afirmou sua posição contrária a presença de homossexuais nas forças armadas, dizendo não ser a orientação sexual compatível com o trabalho militar. Negando qualquer espécie de homofobia , o general argumentou suas declarações com a afirmação de que indivíduos homossexuais não possuem comportamento compatível com os cargos militares por não possuírem voz de comando frente as tropas.

A primeira vista é possível afirmar que o “comportamento” a que se refere a general poderia estar associado aos estereótipos extremados que povoam o senso comum em suas definições sobre os homossexuais, que não condizem, entretanto, a totalidade do universo existente. Assim embora o regime militar seja hierarquicamente definido em funções de regras rígidas e formais, é prematuro afirmar que um indivíduo apenas em função de sua orientação sexual não esteja apto a essa carreira.
Dessa maneira torna-se evidente o preconceito ainda existente na sociedade habituada a atribuir escalas de valores de dignidade ou respeito em função da sexualidade seguida pelos indivíduos. A dificuldade de aceitação de um sujeito homossexual no exercício militar reflete com toda imperiosidade a problemática inserção social das pessoas que divergem do modo dominante dos padrões sociais pré- estabelecidos.
Assim por mais que a homossexualidade seja um elemento presente na história da humanidade em todos os tempos, existindo até de forma institucionalizada na Grécia Antiga, berço da Civilização Ocidental, o tema em pleno século XXI, ainda gera controversa e polêmica. E mesmo a despeito do país viver sob a égide de um regime democrático e de direito que por essência promulgaria a dignidade da pessoa humana em quaisquer circunstâncias, ainda ressoa-se em vários aspectos o sentido da exclusão e do preconceito.
Baseadas em argumentos religiosos ou moralistas, não são poucos os que se apegam as costumes e tradições para negar o acesso dos indivíduos homoafetivos aos direitos civis e sociais. Deslocando-se o eixo das discussões calorosas ou apaixonadas existentes no campo das religiões ou da moral que comumente tendem a interpretarem a homossexualidade como alguma espécie de anomalia natural ou social, importante observar a ótica do ponto de vista científico.
Estudos realizados na área da psicologia apontam para um cunho involuntário da homossexualidade, determinada por elementos psíquicos primitivos ainda na 1 ª infância por volta dos três ou quatro anos. A medicina vai mais longe ao apontar uma possível correlação genética em sua manifestação e entre todos outros avanços retira a homossexualidade do Código Internacional de Doenças Mentais, adotando-se, em 1995, o sufixo “dade”, relacionado ao modo de ser, ao invés de “ismo”, empregado anteriormente que estaria associado a ideia de doença.
Recorrendo-se mais uma vez ao recurso do julgamento imparcial da questão, impossível não fazer alusão ao princípio constitucional da igualdade que estabelece que todos têm os mesmos direitos perante a lei, sem qualquer espécie de distinção. Cabe ainda referência ao Projeto de lei aprovado recentemente pelo Senado Federal que torna crime a prática de discriminação em função da orientação sexual dos indivíduos.
Contudo apesar do relativo avanço na legislação a garantia plena dos direitos civis dos homossexuais na sociedade brasileira caminha em marcha lenta. Evidente que é, a negação de direitos básicos como a união civil de casais homoafetivos , representado pelo projeto de lei 1.151-95 que ainda tramita no congresso.
Fica notório assim o anacronismo que ainda sobrevive na sociedade brasileira em função da resistência de preceitos cristalizados por conta da ignorância ou do desconhecimento. Ao lado de todas as concepções fundamentalistas que ainda teimam em classificar homossexualidade como desvio de conduta , aberrações ou transgressão a ordem natural das coisas é necessário acentuar-se as orientações de um regime constitucional ,como o nosso, regido pelos preceitos de dignidade e igualdade.
Com isso permitir o acesso de homossexuais ao serviço militar não implicaria de maneira alguma a quebra do protocolo militar, desde de que fossem mantidos o respeito às normas e disciplina da instituição. Afirmar por razões de uma imagem construída de maneira estigmatizada e preconceituosa que homossexuais não são dignos de vestir a farda do exército, sem nenhuma discussão mais ampla ou estudo detalhado sobre o assunto é um grande entrave para a prevalência dos direitos humanos na sociedade presente.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

INQUISIÇÃO: O REINADO DO MEDO

“Essa instituição, criada nos fins da Idade Média, tinha por função combater qualquer tipo de manifestação que representasse uma ameaça contra a hegemonia dogmática católica.”
Por Elenilson Nascimento
Segundo alguns livros de História, no Brasil nunca houve tribunal do Santo Ofício ou da Inquisição, mas durante o século XVI a Inquisição agiu discretamente – tão discretamente que muitos foram condenados, em nome de Deus, sem ninguém saber. Aprendemos nos bancos escolares que, no nosso País, a expansão do catolicismo foi marcada pela ação dos jesuítas junto às populações nativas, contudo, não podemos deixar de levar em conta que, sendo lugar de encontro de várias culturas, o território brasileiro se tornou próprio para a prática de rituais e outras manifestações que iam contra os preceitos católicos.
Muitas vezes, recorrendo aos saberes dos indígenas ou dos escravos africanos, os professos católicos se desviavam de seus dogmas, gerando com isso conflito. Nessa reportagem da revista “Aventuras na História”, em especial na edição intitulada “Inquisição: O Reinado do Medo”, mostra através de vários documentos de época, que possuímos o registro de algumas situações onde várias pessoas apelavam para os saberes místicos de alguns feiticeiros e foram condenados na fogueira hipócrita da Inquisição. Para frear esse costume, os dirigentes da Igreja fizeram o requerimento das chamadas visitações do Tribunal do Santo Oficio. Essa instituição, criada nos fins da Idade Média, tinha por função combater qualquer tipo de manifestação que representasse uma ameaça contra a hegemonia dogmática católica.
Após ser preso pelas autoridades, o acusado passava por uma série de torturas que tinham como principal função obter a confissão do herege. Uma das punições mais comuns utilizadas era cortar a planta dos pés do acusado e, depois de untá-los com manteiga, expor as feridas em um braseiro. Contudo, antes que uma sessão de tortura fosse iniciada, um médico realizava uma “avaliação prévia para que as limitações físicas do indivíduo fossem levadas em conta”.
Só para saber se o cara iria sofrer mesmo! Sendo um instrumento de forte natureza coercitiva, os membros do Tribunal da Inquisição acreditavam que a humilhação pública era um instrumento de combate bem mais eficiente que a morte. A Inquisição no Brasil foi extinta em 1774 quando o Santo Ofício foi oficialmente transformado em tribunal régio, sem autonomia ou completamente dependente da Coroa. Agora, baixe essa edição da revista “Aventuras na História” (“Aventuras na História, Inquisição: O Reinado do Medo, Editora Abril – 2008)
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fonte: Comendo Livros