sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ME DÁ A PATINHA

“Do plano de segurança para o Carnaval às músicas de baixo calão: já é Carnaval cidade, acorda pra ver!”
Essas são as Muquiranas, do bairro da Caixa D'Água, que fazem a festa (com direito a arrastão) antes de o bloco sair para a avenida.
Por Elenilson Nascimento
Quem não viveu um amor de Carnaval achando que era pra sempre? Parece que foi ontem, em plena Ladeira da Carlos Gomes, quando eu ainda ia para a folia, precisando de fôlego para aguentar os Tambores da Liberdade do Trio Internacionais puxado pela Daniela... Louco pra amar sem medo de ser feliz, onde a distância era o que menos importava, embalado pela música “Margarida Perfumada”: "E se você se for...". Chega! Nem quero mais pensar nisso!
O Carnaval é a grande festa do Brasil inteiro. Mobiliza uma grande parte significativa e atrai turistas de todo o mundo. Seis dias de folia, milhões nas ruas e uma visibilidade imensa para alguns e a total exclusão da grande maioria. É também um teste de civilidade e de competência para o Poder Público. Mas a Bahia, como tudo em Salvador, em particular, vem experimentando um crescimento da violência. Quem conhece o Carnaval de Salvador sabe que, além da festa animada feita para turistas verem, se trata de um evento marcado por excessos e por atiçar a cobiça de um grande contingente que vive à margem da lei. Atrás dos turistas e dos desavisados vêm uma legião de oportunistas.
Juntos, Bebel Gilberto, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown animaram o “Sarau du Brown” (super caro) no último domingo, uma das centenas de eventos pela cidade antes da folia.
Se foi justo ou mal calculado o preço pago (*esse ano foram investidos 50 milhões na festa) para tentar garantir um mínimo de tranquilidade a um evento que transforma a cidade em vitrine aos olhos do País e do mundo, a Quarta-feira de Cinzas dirá. Mas uma coisa é certa: investimento na prevenção deveria ser o ano todo, quando os baianos voltam ao trabalho e cuidam de suas próprias vidas sem tantos holofotes em cima. Agora, olha que “sutileza” na lamentável música de pagode “Me Dá a Patinha” da banda baiana Black Style:
“O João, já pegou/Manoel, pegou também/O Mateus engravidou/Tá esperando o seu neném/Carlinhos, pegou de quatro/Marcinhos fez frango assado/José sem camisinha/Pego uma coceirinha/O nome del'é Marcela/Eu vou te dizer quem é ela(2x)/Eu disse/Ela, ela ela é uma cadela/Ela, ela mais ela é prima de Isabela(4x)/Joga a patinha pra cima/One, two, three/Me dá, me dá patinha/Me dá, me dá patinha/Me dá, me da patinha/Me dá sua cachorrinha (3x)/Eu disse ela, ela, ela e uma cadela.../Me dá sua cachorrinha/Repete tudo de novo e fim”.
Eu fico deprimido com esse tipo de coisa, mas parece que no Brasil tudo agora é normal. Esse conteúdo de baixaria, de vulgaridade - que também excita a violência contra as mulheres - está sendo cantando por todos os cantos. E o pior disso tudo é que muitas mulheres adoram esse tipo de coisa. Salvador está virando um puteiro a céu aberto e a culpa é de quem? Da educação pífia, com esses governantes retardados (*o prefeito João Henrique é o pior deles), com esse povo cada vez mais imbecil e que adora comer “fezes”. Lembrando que o funk carioca é a mesma coisa.
E o pior agora é que, além da lamentável “Me dá a patinha”, temos que aturar esse tal de “Rebolation” que já passou em quase todos os programas da Globo e, no último domingo, até no “Fantástico”. Daqui a pouco vão usar em “Lost” também. Claro que está rolando muita grana aí por trás, mas os otários só no “Rebolation” não pensam e mais nada. Pra que pensar? Pensar cansa. E a culpa também é da sociedade que não valoriza a educação, livros, bom gosto, e o pior, os chamados “pseudo-universitários” também consomem essas “merdas”. Lembrando que a música nova da Daniela Mercury para o Carnaval desse ano, "Oiá Por Nóis", é muito boa, mas isso ninguém comenta.
O vocalista do grupo Parangolé, Léo Santana, ensaia passos do sucesso lamentável do verão “Rebolation” com as dançarinas do grupo de pagode, na área verde do Hotel Othon, Salvador, no último domingo, 31/01. E viva a futilidade e a ignorância!
Aproveito também para passar umas dicas para quem está começando na folia. Algumas dicas que a gente acaba aprendendo por bem ou por mal: Carregue apenas dinheiro trocado e suficiente para suas despesas no dia, uma cópia da identidade, o cartão do plano de saúde (*se tiver), e anotado em algum lugar o endereço de onde está hospedado e um telefone para contato. Não leve máquina fotográfica muito cara, que chame a atenção; evite levar celular, um cartão telefônico já resolve; e se for usar pochete (*breguice viu!), use uma bem discreta por debaixo da camiseta. Procure andar sempre em grupo; se for de bloco, evite sair do bloco durante o percurso. Salvador tem muitos banheiros químicos, mas as condições de limpeza são ruins. Evite bebidas diuréticas (*sem comentários). Vá de tênis confortável; passe protetor solar antes de sair, se puder leve com você. E, principalmente, fique longe da corda do Chiclete!
Casa de Jorge Amado ao fundo e Ladeira do Pelourinho encobertos pelas marquises do Carnaval.
Pra quem quiser conhecer as músicas favoritas desse ano CLIQUE AQUI. Num Carnaval que homenageia Gerônimo, grande compositor baiano, eleito Rei Momo, as músicas estão abaixo da média. Agora, clique abaixo e ouça o comentário do antropólogo e professor de UFBA, Roberto Abergaria, sobre o Carnaval em Salvador:
foto 1: Rodrigo Rodrigues, foto 2: Claudionor Junior
foto 3: Lúcio Távora e foto 4: Fernando Vivas
podcast: Portal da Metrópole
FONTES: LITERATURA CLANDESTINA

Nenhum comentário:

Postar um comentário