" As palavras simplesmente perdem para serem arrancadas do estado inerte do caos absoluto. O ego mortal, este pede que seja sublimado! Afinal de contas, idéias não têm dono, repousam livres no fluxo do inconsciente coletivo, como bem definiu Jung."
* Por Andréia de Oliveira
Poetisa, eu? Esse título soa um pouco estranho e pesado aos meus ouvidos. Não que desmereça a importância dos grandes e históricos poetas brasileiros. Mas no meu arcabouço teórico de brasileira média, nascida e criada longe demais das capitais, ainda resta um muro, quem sabe imaginário, entre a poesia e o mundo real.
Nas minhas remotas lembranças, poetas eram seres mágicos, espécies de deuses, cravados nos livros de escola. Figuras geniais como Gregório de Mattos, o boca maldita, satírico, irônico e sagaz; Castro Alves, em seus cantos apoteóticos pela liberdade; Cruz e Sousa, em suas rebuscadas construções metafísicas; Oswald de Andrade , a libertação criativa dos versos; Carlos Drumond de Andrade, o subjetivismo resgatado do cotidiano. Sem esquecer é claro, Fernando Pessoa, exceção seja feita à nossa lista tupiniquim, gênio maior, desvelado dos múltiplos aspectos da existência humana.
Grandiosas obras que se perdem na figura dos imortais da galeria dos senhores com vestes de gala , a proferir por entre dentes, ecos dos discursos vazios dos termos pré-formulados. Retóricas dos intelectuais que, hoje, se encerram em seus castelos de letras e contos de grandeza, imensos em seus importados bordões politicamente corretos.
E confesso com toda fraqueza que tenho uma grande resistência aos intelectuais em seus enfadonhos conceitos de julgamento acadêmicos da poesia e literatura em geral. Como podem estabelecer critérios matemáticos para a liberdade expressiva? Meus textos são apenas reflexos das sensações veladas , captadas por uma alma intensa de emoções , contradições e imperfeições. Não escrevo por vício, sacerdócio ou pretensões de toda sorte. Nem pelo prazer intrínseco às produções artísticas. Às vezes dói e dói muito. È um verdadeiro parto de fórceps com direito a gritos, gemidos, sentimentos desconexos remanescentes dos confins da alma. s palavras simplesmente perdem para serem arrancadas do estado inerte do caos absoluto. O ego mortal, este pede que seja sublimado! Afinal de contas, idéias não têm dono, repousam livres no fluxo do inconsciente coletivo, como bem definiu Jung. Por isso mesmo que nem sempre estou ali ,em meio as letras que escrevo. As metades já estão lado a lado. Seria arte? Não saberia dizer........................................
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