Apresentando um enredo tido como clichê, o épico de James Cameron, a 2ª maior bilheteria da história do cinema, desperta reflexões e transcende os limites do convencional.
Por Andréia de Oliveira
Sucesso de público, o filme Avatar do diretor James Cameron que já ostenta o título de segunda bilheteria da história do cinema, é frequentemente reportado pelos seus efeitos especiais, inovações em 3D e recursos de computação gráfica. Motivo pelo qual atrairia um legião considerável de telespectadores aos cinemas , mesmo a despeito de uma trama linear e previsível onde o bem e o mal travam aquela batalha histórica, com direito a final feliz e tudo.
O que muitos críticos, entretanto, não aceitam é que são justamente historinhas assim, meio água com açúcar que atraem multidões aos cinemas na tentativa de sublimar as angústias do dia a dia. E são justamente os aspectos convencionais de um enredo centrado no conflito entre a ambição de uma civilização tecnológica e a espiritualidade de um povo primitivo, desenrolado em meio à história de um amor impossível, o elo capaz de suscitar a saga dos opressores versus oprimidos tão recorrentes dentro do ideário popular.
Soma-se a isso a um cenário futurista, ambientando no ano de 2154 , o inóspito e incrível Mundo de Pandora, uma lua habitada por humanóides azuis, os Navis, e selvagens animais, detentor de uma exuberante flora e de valorosos recursos naturais cobiçados pelos humanos. Os Avatares, resultados da experiência genética de cruzamento dos seres humanos com os nativos de Pandora, são comandados por humanos nas atividades de exploração do planeta, remontando-se, assim, a possibilidade de transmigração de corpos e a manipulação e criação da vida de forma artificial.
Esses e outros elementos de ficção científica são apresentados no transcorrer do filme por meio da representação de incríveis imagens de beleza única, expressão da simplesmente e sabedoria de um povo que vive em total comunhão com o mundo a que pertence. Essa mensagem ecológica surge, talvez, indicando um possível caminho ser seguido pela humanidade, representante, entretanto, da retomada de um modelo já vivido em distantes eras.
São inúmeras as semelhanças da sociedade do filme com as civilizações primitivas, anteriores a instituição do patriarcalismo, a exemplo dos celtas e outras relacionadas à tradição primordial e aos cultos pagãos. Esses povos cultuavam a Grande Deusa, como expressão máxima da divindade, em seu entendimento acerca da extrema ligação e interdependência existente entre todos os seres vivos.
É bastante representativa a relação dos habitantes de Pandora com uma árvore, considerada como a grande fonte criadora de vida, em sua simbologia máxima do culto à mãe Terra. Da mesma forma é digno de registro o respeito a todas as formas de vidas, ilustradas por invocações e orações que esse primitivo povo realiza quando se faz necessário caçar ou matar um animal.
Além desse referencial místico, James Cameron explora também um tema recorrente de estudos esotéricos e ocultos, relacionado à influência de invasões alienígenas no processo de colonização de civilizações mais primitivas. J.J. Benitez e Zecharia Sitchin abordam essas temáticas em livros que apontam para uma possível presença de seres extraterrestres em períodos remotos da história da Terra, apresentando assim, a raça humana como resultado de experimentos alienígenas, em sua provável explicação para o mito dos anjos caídos.
Em Avatar essa história é contado do lado inverso, tomando como referência os humanos como empreiteiros na criação de novas raças, colocados, entretanto, de maneira geral, como grande vilões, mas que permaneceram no planeta após uma seleção de propósitos e objetivos. Os Avatares, misto de humanos e alienígenas ilustram ainda um cenário de miscigenação alienígena que se alinham em termos gerais ao tema abordado por Benitez no livro “Os Astronautas de Yaveh” .
O próprio nome Avatar, interpretado usualmente como a designação de uma identidade virtual utilizada em larga escala nos “games” da atualidade pode ser tomada também como uma tradução literal do termo que vem do sâncristo “avatãra” e designa uma divindade proviniete do paraíso que desce a terra, assumindo corpos humanos. Os avatares do épico de Cameron são criaturas geradas em laboratório, animadas pela mente (alma) humana e assim como os “avatãras” da tradução original interagem em um mundo que não lhes pertence de fato.
Considero esses elementos referenciais místicos e esotéricos utilizados de maneira subliminar, um dos principais diferenciais do filme Avatar, uma vez que se reporta a um universo ainda pouco conhecido, dentro das concepções dos ditames do senso comum. Contudo, assim como ocorreu com a trilogia Matrix, tais aspectos dificilmente são notados aos olhos menos atentos, habituados a contemplarem apenas os aspectos visuais ou culturais de um filme.
Assim para muitos o filme Avatar é um filme bonitinho e divertido que promove valores ecológicos em meio à exuberância de um cenário magnífico, retratado com perfeição graças às inovações tecnológicas da era digital. Mesmo sob esse olhar ,entretanto, o épico de James Cameron é digno de se visto e revisto.
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Realmente esses aspectos do filme mais esótericos não podem ser percebidos por todos. Gostei do filme ele apresenta peças soltas para que se monte um quebra cabeça. A mensagem é subliminar e se mistura com os efeitos especias e toda essa produção 3D. Assim como Matrix um filme para ser visto várias vezes, estudando detalhadamente os detalhes. Pena que nessa nossa sociedade as pessoas perderam o poder de pensarem , são imediatistas e não conseguem transcederem nada.
ResponderExcluirOnde foi que vc viu essas coisas nesse filminho sem graça? Nunca ouvir nesses livros e autores do texto. A história de Avatar é muito fraco, não tem nenhum conteudo cultural ou social interessante. É somente efeito especial.
ResponderExcluirAquela cena em que a Navi(a mocinha da trama) após uma batalha em que salva o personagem principal, dá o golpe derradeiro em um animal ferido é mesmo muito significativa. É de arrepiar, mostra o respeito e compaixão com todas as formas de vida. Lembrou-me os ensinamentos de muitas escolas esotéricas.
ResponderExcluirO filme é justamente místico porque esses pequenos detalhes são simbolícos , quase velados. Acredito que o Cameron deva ter pesquisado muito e deva possuir muito conhecimento do misticismo e ocultismo. Mas essa mensagem do filme é acessível somenta para poucos. Bom texto.