O poeta paulista Roberto Piva vive por conta de complicações de saúde, um drama particular em muito agravado pelo descaso com saúde e pelo esquecimento cultural de um país, habituado a cultuar as celebridades instantâneas da mídia . O fato foi noticiado por Ademir Assunção no blog Zona Branca no dia 25 de janeiro:
“Roberto Piva, um dos maiores poetas brasileiros, está internado na enfermaria do Hospital das Clínicas, em estado precaríssimo. Piva tem 73 anos e sofre de mal de Parkinson. Segundo o poeta Celso de Alencar, que o visitou ontem, ele está num verdadeiro inferno dantesco. Nos últimos anos, Piva teve suas obras completas reunidas pela editora Globo em três volumes: Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & e Asas Pretas e Estranhos Sinais de Saturno. Sua poesia voltou a circular como um furacão, mas o poeta continuou vivendo em situação precária. É comum os amigos se cotizarem para comprar os remédios que ele precisa para manter os efeitos do mal de Parkinson num nível razoável. Artistas não vivem de elogios. É preciso tirá-lo da enfermaria do HC e transferi-lo para um quarto. Urgente. Isso é o mínimo nesse momento. Ou as palavras do próprio poeta vão se confirmar como uma nefasta profecia?:
“O objetivo de toda Poesia & de toda Obra de Arte foi sempre uma mensagem de Libertação Total dos Seres Humanos escravizados pelo masoquismo moral dos Preconceitos, dos Tabus, das Leis a serviço de uma classe dominante cuja obediência leva-nos preguiçosamente a conceber a Sociedade como uma Máquina que decide quem é normal & quem é anormal.”
“... criminosos fardados & civis têm o poder absoluto para decidir quem é útil & quem é inútil”.
“Enquanto isso, os representantes da poesia oficial & os engomados homens de negócios trocam entre si, numa reciprocidade suspeita, discursos & homenagens estourando de vaidade diante do aplauso de seus concidadãos. O que eu & meus amigos pretendemos é o divórcio absoluto da nova geração dos valores destes neomedievalistas”.
Lamentável que o sofrimento de Roberto Piva tenha que ser exposto assim dessa maneira e que informações particulares como as suas dificuldades financeira sejam evidenciadas, conquanto evidenciem as amarguras em se fazer arte em um país que apenas valoriza as manifestações culturais superficias, submetidas essas ao terrível jogo especulativos dos mercados. Contudo, abstraindo-se de qualquer cunho sensacionalista, é necessário divulgar essa informação para que ao menos um pouco de conforto e dignidade possa ser concedido ao poeta, professor e produtor musical, enfim ao ser humano, Roberto Piva, que nesse instante representa todos nós, unidos que somos pelos laços inegáveis da frágil condição humano.
Como escreveu o escritor e jornalista baiano Elenilson Nascimento em seu blog Literatura Clandestina :
“Agora, acho demasiadamente triste (*uma sacanagem, por sinal) falar de um poeta como o Piva, nos limites da fraqueza humana, no leito de um hospital, no desespero e na urgência. Se algum leitor do nosso blog conhece alguém no Hospital das Clínicas (São Paulo) que tenha condições de conseguir uma transferência com URGÊNCIA para um quarto, já é um alento. Só quem já precisou ficar em enfermaria, ou mesmo corredor, em qualquer hospital público de São Paulo (*e de todo o Brasil), sabe o inferno que é isso. Nem um cidadão merece passar por isso, muito menos um poeta do quilate do Piva.
O nosso poeta merece ser sempre comentado e lembrado em estado de exuberância, vivo, de um lugar onde o cheiro incita o caminhar, mesmo que no horizonte seja possível avistar o céu preto da “necrópole”. Não é bom pensar num xamã com olhos piedosos, mesmo que ele esteja como todos nós, forrado das doenças ocidentais. Enfim, divulguem, peçam ajuda, repassem. Vamos lá. A poesia agradece. “
Contatos: Ademir Assunção pelo e-mail: zonabranca@uol.com.br
Dados bancários para eventual ajuda financeira, divulguem.
Banco Itaú Agência 0036
C/C 20592-0
CPF 565 802 828-00
EM TEMPO: Conforme informações publicadas nos blogues Literatura Clandestina e no Zona Branca no dia 28/01 , Roberto Piva já conseguiu uma mudança de quarto e recebe um atendimento médico adequado , internado no Hospital das Clinicas em São Paulo, enquanto aguarda a realização de cirurgias. Segundo o Ademir Assunção ele está mais animado: “Hoje cedo pediu para o Gustavo levar livros. Os amigos continuam se mexendo para que ele tenha um bom tratamento e se recupere o mais rápido possível. É isso o que interessa”. Enquanto isso os amigos estão se mobilizando para realizarem a leitura de seus textos com o objetivos de arrecadarem fundos.
FONTE: LITERATURA CLANDESTINA/ BLOG ZONA BRANCA
Muito triste a situação dos escritores brasileiros.
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