segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O RENASCIMENTO DAS LETRAS BAIANAS PELAS MÃOS DO HEREGE ELENILSON NASCIMENTO

“Nessa nossa débil cultura baiana da alegria extasiada, estampada nos rostos dos que correm atrás do rio, eis que surge o proscrito maldito: a escrita realista, sagaz e inteligente do escritor baiano Elenilson Nascimento.”
Por Andréia de Oliveira

Já se passaram muitos carnavais desde que Luís Caldas inaugurou, por meio dos passos estranhos do fricote, o Reino do Axé na Bahia, decretando, assim, a veiculação da ideia, comprada quase que imediatamente pela mídia nacional, da suprema alegria do povo baiano, como se todos aqui vivessem em um estado de êxtase coletiva com braços para cima correndo atrás do último trio elétrico.
Errônea ilusão dessa nova terra de faz-de-conta, tão insana que é capaz de seduzir a juventude aburguesada do “sul-maravilha”, arrastando ainda a molecada dos desfavorecidos dos quatro cantos do país, que todos os anos lotam essa centenária cidade em uma peregrinação profana rumo a uma meca imaginária.
E, assim, sobrevivemos em meio aos cabelos reluzentes das deusas do trio elétrico de plástica perfeita e dança irretocável, rememorando os grandes feitos dos heróis da inteligência do passado, bebendo esse nosso café requentando de cada dia, salvo as opções extras do nosso menu artístico, que vez por outra, surgem para nos aliviar dessa nossa letargia cultural.
E a Bahia, essa terra mística da magia que amarga as mil contradições dos filhos da senzala, tão sabiamente retratada no passado por meio dos romances histórico de Jorge Amado, produz, de tempos em tempos, os filhos da indignação que por seu olhar crítico e audaz destrincham e desmontam os alicerces da sociedade.
Nesse contexto, insere-se o livro do escritor baiano Elenilson Nascimento, “Memórias de um Herege Compulsivo” (Clube dos Autores), uma coletânea com 30 contos de estética original e conteúdo polêmico, que nos remete ao âmago das raízes obscuras do gênero humano, em sua capacidade impar de gerar os males de uma sociedade que a cada dia agoniza mais, vítima da metástase das células cancerosas do seu próprio ser.
São histórias emocionantes, resgatadas da cruel realidade que não ilustram cartões de visitas, narradas em linguagem crítica e sagaz, recheadas de metáforas envoltas em tons de lirismos perdidos das letras.
Mas o grande diferencial, entretanto, desse autor baiano, seria a sua habilidade em contextualizar suas histórias em face dos diversos aspectos da sociedade atual, penetrando em questões inerentes aos aspectos psicológicos, sociais, políticos e educacionais. Nesse sentido, seus personagens seriam o pano de fundo para a expressão de sua voz consciente, audaz e inconformada, ecos de um dos poucos sobreviventes de uma geração que não se rendeu aos apelos do sistema, nem a superficialidade das idéias presentes , que surgem tão vivamente nessa nossa mórbida cena cultural baiana, enaltecida, apenas por nomes consagradas de um distante, passado de efervescência intelectual, criativa e musical. (“MEMÓRIAS DE UM HEREGE COMPULSIVO”, de Elenilson Nascimento, 303 págs, Rio de Janeiro, 2009 – Clube dos Autores)
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fonte: A. de Oliveira/Voos da Alma

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