Olá crianças,
Este post foi publicado originalmente no Sedentário, em setembro, mas com a participação no programa Superpop hoje a noite, achei melhor colocar novamente aqui no Blog.
Durante quase todos os períodos históricos, a humanidade sempre está diante de um suposto “Fim dos Tempos”, “Apocalipse”, “Armageddon”, “Ragnarok”, “Bug do Milênio” ou coisa que o valha. Desde que João escreveu seu tratado sobre a Kabbalah (cada um dos 22 capítulos do Livro das revelações fala sobre um dos aspectos de cada Caminho da Árvore da Kabbalah), os religiosos aproveitam a onda do “fim do mundo” para faturar uns trocados nos dízimos e proteções da vida.
Por volta da década de 80, chegou a vez do movimento dos picaretas New Age faturarem uns trocados com a idéia do fim do mundo.
Afinal de contas, o que acontecerá dia 21 do 12 de 2012?
O livro do Apocalipse (chamado também Apocalipse de São João, pelos católicos e ortodoxos, e Apocalipse de João, pelos protestantes, ou ainda Revelação a João) é um livro da Bíblia —o último da seleção “oficial” da galera de Constantino.
A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις (termo primeiramente usado por F. Lücke em 1832) e significa, em grego, “Revelação”. Um “apocalipse”, na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de “apocalipse” aos relatos escritos dessas revelações. Ou seja, NADA de “Fim do Mundo”.
Devido ao fato de, na maioria das bíblias em língua portuguesa se usar o título “Apocalipse” e não “Revelação”, até o significado da palavra ficou todo deturpado, sendo às vezes usado como sinônimo (errôneo) de “fim do mundo”.
Para os cristãos, o livro possui a pré-visão dos últimos acontecimentos antes, durante e após o retorno do Messias de Deus. Alguns Protestantes e Católicos entendem que os acontecimentos previstos no livro já teriam começado. Outros acham que tudo acontecerá ao pé da letra, com direito a dragões de sete cabeças voando pelas cidades turísticas do globo e cristitas sendo abduzidos no meio da rua (“Arrebatamento”).
A literatura apocalíptica tem uma importância considerável na história da tradição judaico-cristã-islâmica, ao veicular crenças como a ressurreição dos mortos, o dia do Juízo Final, o céu, o inferno e outras que são ali referidas de forma mais ou menos explícita. Algumas pessoas defendem que o fato de várias civilizações no mundo terem apresentado narrações apocalípticas sugere que estas têm uma origem comum e ancestral (supostamente revelada ao homem por um ser dotado de inteligência superior, entre outras teorias) que foi sendo deturpada pela transmissão oral. Esta visão assume, por vezes, um carácter ecológico, ao propor que a mensagem do apocalipse se refere à capacidade que o homem civilizado tem para destruir o mundo.
Estão certos em parte. O caráter do texto realmente é Simbólico, mas apenas trata da evolução do Homem em relação ao próprio Interior do Homem. São passagens alquímicas que simbolizam os estágios de aperfeiçoamento do ser humano dentro das sete virtudes, culminando com a derrota de seus próprios demônios internos.
Mas e 2012?
Agora as expectativas se voltam para 2012. Sim, eis o próximo fim-do-mundo! Por quê 2012? Por que foi escolhido pelos místicos americanos, oras! Desta vez é o famoso movimento New Age (ou como diria o Cartman, dos “Hippies fedidos”) que profetiza o final dos tempos. Eles se baseiam agora no calendário de Contagem Longa dos maias. Ou melhor, se baseiam num suposto fim do calendário maia.
Os Calendários Maias
Os maias, a bem da verdade, usavam três calendários diferentes e inter-relacionados, todos organizados como hierarquias de ciclos de dias, com várias durações. A Contagem Longa era o principal calendário para fins históricos. O Haab era o calendário civil, e o Tzolkin, o religioso. Todos os calendários maias são baseados apenas na contagem serial de dias, ou seja, não são calendários sincronizados ao Sol ou à Lua, como o nosso calendário. Apesar disso, tanto a Longa Contagem quanto o Haab contém ciclos de 360 e 365, respectivamente, valores muito próximos do número de dias do ano solar. Por basear-se apenas na contagem dos dias, a Longa Contagem é muito parecida com o sistema de dias julianos e outras representações modernas de datas e tempo. Também é interessante notar que tal calendário conta a partir do zero. Ou seja, mesmo antes dos hindus, os maias foram o primeiro povo a usar o zero.
Vamos organizar uma tabela com os ciclos do calendário Maia:
Kin – Equivale a 1 dia
Uinal – Equivale a 20 Kins (20 dias)
Tun – Equivale a 18 Uinal (360 dias / 1 ano aprox.)
Katun – Equivale a 20 Tun (7.200 dias / 19,7 anos)
Baktun – Equivale a 20 Katun (144.000 dias / 394,3 anos)
Pictun – Equivale a 20 Baktun (2.880.000 dias / 7.885 anos)
Calabtun – Equivale a 20 Pictun (57.600.000 dias / 157.704 anos)
Kinchiltun – Equivale a 20 Calabtun (1.152.000.000 dias / 3.154.071)
Alautun – Equivale a 20 Kinchiltun (23.040.000.000 dias / 63.081.429 anos)
A Longa Contagem é organizada de acordo com a hierarquia de ciclos mostrados acima. Cada ciclo é composto de 20 unidades do ciclo anterior, com exceção do tun, que é composto de 18 uinal de 20 dias cada. Isso resulta num tun de 360 dias, o que é uma boa aproximação com o ano solar, tendo em vista que outros povos antigos, como os romanos, usavam um calendário exclusivamente baseado no ciclo solar, com 360 dias.
Os Maias acreditavam que, ao fim de cada ciclo Pictun, equivalente a 7.885 anos, o universo seria destruído e recriado. Esta é a verdadeira profecia maia. Infelizmente (ou felizmente), este ciclo só acabará em 12 de outubro de 4772.
Por outro lado, 2012 vai ser MESMO um ano de mudança no calendário maia e é nisso que se baseiam as presentes previsões reptilianas. Para os adeptos da teoria dos “maias engenheiros dimensionais do tempo” de plantão, o fim do mundo chegará em 21 de dezembro de 2012. Mas se convertermos esta data para o calendário maia de Longa Contagem, obteremos o seguinte resultado: 13.0.0.0.0. Isso significa que esse será apenas o início do 13º ciclo Baktun. Seria o equivalente ao início do século 13 para os maias, enquanto nós já estamos, de acordo com nossa contagem, no século 21 (o 12º ciclo Baktun começou em 18 de Setembro de 1618). Isso tudo acontece apenas por que são meios diferentes de contar o tempo, que além disso começaram a ser contados em épocas distintas.
Então, da mesma maneira que o mundo não acaba em 31 de Dezembro, o mundo não acabará dia 21/12/2012. Simples assim…
Mas, então, por quê 21 de dezembro de 2012 foi escolhido pelos místicos, esquisotéricos e charlatões? A resposta é simples e óbvia; uma soma de dois fatores:
1) superstição. Como vimos, essa data corresponde a 13.0.0.0.0. O que está acontecendo com o pessoal da New Age é o velho medo do número 13. Só isso.
2) O povo picareta quer ganhar dinheiro. Ninguém ficaria assustado e compraria os livros best-sellers se o “fim do mundo” fosse em 4772… está muito distante…
A única vantagem é que conseguiremos expulsar todos os hippies fedidos malucos das cidades próximas da praia. Nunca mais teremos de ouvir aquelas musiquinhas peruanas no centro da cidade. Eles se refugiarão próximos à região de Brasília e São Thomé das Letras (eu só fico triste pelos meus leitores do Distrito Federal, que terão de agüentar esse povo)…
Como curiosidade, quem quiser calcular sua data de nascimento no calendário Maia pode acessar este site:
http://users.hartwick.edu/hartleyc/mayacalendar/mayacalendar.html
* Marcelo Del Debbio é estudioso de assuntos misticos e esótericos contribuindo com a publicação de trabalhos diversos em sites e blogs especializados, escrevendo no site "Teoria da Conspiração". Recentemente (23/11/09) esteve no Programa Superpop da Rede TV,desmistificando principais tópicos sobre o tema.
* Post originalmente publicado em "Teoria da Conspiração" de 23 de novembro de 2009.
Enfim uma opinião sensata, baseada em estudos sérios . Engraçado é que as profecias maias não falam do fim do mundo físico, mas de uma renovação, que poderá ser entendida como um crescimento espiritual. Incrível como a indústria seja a mística ou a artística ganhou e esta ganhando dinheiro com isso. Espero que não haja suicidios coletivos como os que aonteceram em 1999, ano final segundo as profecias de Nostradumus. È preciso ser sempre criterios com a interpretação desses textos religiosos, sobretudo os antigos, pois como se percebe existe o emprego da linguagem simbólica e velada que não pode ser interpretada ao pé da letra.
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