segunda-feira, 17 de maio de 2010

RACISMO LATENTE

"Indícios do racismo arraigado, estúpido e irracional sobrevivem em construções históricas, no imaginário popular e no senso comum em suas classificações e rotulações das pessoas, em função de sua etnia ou origem social"
*Por Andréia de Oliveira

Quem dera a vida fosse colorida como as tramas televisivas , onde os problemas, conflitos e preconceitos pudessem ser solucionados assim como um passe de mágica, ao sabor das vontades do autor da narrativa. Contudo, a realidade estampada em horário nobre, não corresponde necessariamente ao que se observa na dureza e frieza do cotidiano, nem mesmo quando se pretende abordar temas sérios ou polêmicos.

Durante meses a novela global Viver a Vida retratou situações ligadas a inclusão das minorias , como os portadores de necessidades especiais , exibindo exaustivamente depoimentos de pessoas comuns em suas histórias de superações ante as adversidades , em um cenário pontuado por exclusões e discriminações. Nesse rol, o emocionante depoimento da baiana Luislinda Valois que venceu a pobreza, e toda ordem de preconceitos sociais, tornando-se a primeira mulher negra juíza do país.


Contudo imaginar qualquer mudança significativa nos paradigmas de uma sociedade excludente por natureza seria uma visão surreal ,bem ao tom da fantasia novelesca que encerra sua exibição ao som de Beethoven , totalmente desconhecido aos olhos da grande maioria da massa dos incultos e ignorantes, embalados pela melodia que brota dos reality shows da vida. E assim indícios do racismo arraigado, estúpido e irracional sobrevivem em construções históricas, no imaginário popular e no senso comum em suas classificações e rotulações das pessoas, em função de sua etnia ou origem social.

Não sem razão, a ignorância humana revestida da pseudo superioridade das raças parece está sempre pronta a descortinar-se sob o véu da imaginária democracia racial em que vivemos. Dessa maneira o que poderia ser um simples engano na legenda elaborada pelo portal de noticias R7 da Record, onde a juíza Luislinda Valois pousa ao lado da atriz Natália do Vale, na verdade oculta a mentalidade preconceituosa que ainda permeia as mentes do país.

Lamentavelmente, o racismo resiste em todos os seus níveis, mascarado sob o cunho da ditadura do politicamente correto que se instala nos meios acadêmicos, intelectuais e midiáticos. Essa é uma realidade que nem mesmo todas as políticas de reparação social ou de cotas raciais conseguem negar.



2 comentários:

  1. A sociedade brasileira é mesmo racista. A prova é que em um abordagem policial os negros são sempre os primeiros suspeitos.

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  2. Sobre o racismo, não se pode esquecer que essa novela, viver a vida, tinha uma proposta de colocar uma protagonista negra a Taís Araujo que perdeu o lugar para a atriz loira, vivida pela pela Aline Morais. Por que? Será que a sociedade ainda não esta preparada para vê um negro no papel de destaque.

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