Por Andréia de Oliveira
Desde sua criação as religiões motivam o surgimento de comportamentos controversos, sinalizando com toda precisão o seu aspecto dual . Se por um lado abrigaram avatares de suma importância, como Moises, Cristo ou Maomé que contribuíram com seus ensinamentos para a elevação da consciência coletiva da humanidade, em contrapartida é um campo semeador de conflitos, ódios e intolerância, tal qual ilustram diversas guerras, ocorridas pela justificativa da necessidade de demonstrar a preponderância de uma fé sobre a outra.
Nesse leque paradoxal de manifestações de objetivos tão distintos entre si, moldados pela instituição de dogmas incontestáveis e inflexíveis, as religiões constroem sua ideologia de terror , medo e poder. Ao homem ,criatura fruto do pecado original, cabe a súplica , a obediência e a submissão à uma força exterior e superior, a qual deve cair de joelhos a espera da indulgência e do perdão.
Mas qual seria esse pecado que os homens carregam desde o seu nascimento , a ponto de ser repudiado, tornando-se a razão de um sacrifício sugerido, tão grandioso quanto o de um Cristo apregoado na cruz ? A capacidade criativa , a força motriz e vital , fonte de prazer e de vida obtida pelo uso correto da energia sexual, assim como era utilizada pelas religiões pagãs das eras pré-cristãs.
Não sem razão o tema sexo sempre foi abordado pela maioria das religiões ocidentais unicamente em função de suas propriedades reprodutivas, ocultando-se a sua natureza inerente e fundamental ao ser humano. Ao se fazer uso da repreensão sexual , institui-se um mecanismo poderoso de coerção e intimidação através da instituição da ideia do pecado e da transgressão.
Dentro desse contexto, escândalos relacionados a líderes religiosos causam um misto de perplexidade e revolta , uma vez que dogmas e tradições milenares são colocadas em xeque. Contudo, exceto o uso da autoridade e do poder característicos da religião para a sedução de crianças e jovens , a vivência da sexualidade por quaisquer pessoas que sejam, inclusive aquelas consideradas “santas”, não é senão o exercício de uma condição inata ao homem.
Assim na tentativa de recriação de um pretenso paraíso celeste, livres das tentações mundanas, as grandes religiões distanciam-se cada vez dos homens. E certamente na mente daquele fiel ortodoxo , sobrevive a clássica imagem do pecado ilustrado uma Eva sendo tentada pela cobra nos Jardins do Edens, rejeitando-se talvez a ideia, de que o sexo, é sim a fonte de toda a vida.
A culpa, a humilhação e a eterna necessidade de perdão. Ainda guardo essas lembranças vivas dos meus primeiros contatos com a religião. È triste vê como as religiões distorcem o encontro com Deus.
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